segunda-feira, 31 de outubro de 2011

A necessidade de dedicação, esforço e atenção


LIÇÃO 304

Que meu mundo não esconda a visão de Cristo.

1. Eu posso esconder minha visão sagrada, se impuser meu mundo a ela. E também não posso ver as cenas sagradas para as quais Cristo olha, a menos que utilize Sua visão. A percepção é um espelho, não um fato. E aquilo para que olho é meu estado de espírito projetado para fora. Eu quero abençoar o mundo olhando para ele com os olhos de Cristo. E olharei para os sinais infalíveis de que todos os meus pecados foram perdoados.

2. Tu me conduzes das trevas para a luz, do pecado à santidade. Permite que eu perdoe e, assim, receba a salvação para o mundo. A salvação é Tua dádiva, meu Pai, dada a mim para eu oferecer a Teu Filho santo, a fim de que eu possa encontrar novamente a memória de Ti e de Teu Filho tal qual Tu o criaste.

*
COMENTÁRIO:

A ideia que vamos praticar nesta segunda-feira, dia 31 de outubro, carrega consigo e nos oferece a possibilidade de trazermos à consciência o fato de que somos nós mesmos que escondemos a visão de Cristo, e de que, ao fazer, isso nos escondemos dela também.

Eu perguntava, no comentário feito a esta lição no ano passado: por que precisamos das práticas? E a resposta é a mais óbvia possível. Porque, distraídos de nós mesmos, por acreditar que somos algo que não somos, e por nos acreditarmos separados de Deus e, por consequência do divino em nós mesmos, nós nos deixamos enganar a maior parte do tempo pela percepção, considerando-a o instrumento adequado para olhar para o mundo. Para ver a realidade do e no mundo.

Ainda como parte da resposta à pergunta feita, eu dizia que as as práticas são necessários para que possamos reaprender, ou para lembrar, que o que vemos fora de nós é apenas o reflexo daquilo que trazemos dentro. Pois, como a lição diz: "a percepção é um espelho, não um fato".


Ora, saber disso é que nos permite apreender que, quando não gostamos do que vemos fora, a única coisa a se mudar é nossa maneira de olhar. Para tanto, precisamos recorrer ao que há de mais profundo e verdadeiro em nós, e que só podemos alcançar no silêncio. Aquietando a mente, para que o espírito possa se manifestar em nós. Abrindo-nos a ele para permitindo que ele nos sirva de guia.

Por fim, é preciso dizer mais uma vez que as práticas são necessárias porque aprender qualquer coisa, seja dirigir um carro, seja tocar um instrumento, seja nadar, andar de bicicleta, ou falar uma língua estrangeiro, exige atenção, dedicação e uma vontade consciente. Pois nossa percepção é muito volúvel e se distrai facilmente, passando de um objeto a outro em um tempo mais curto do que um piscar de olhos.

Em meio a vários erros e acertos, o começo de qualquer aprendizado não parece muito divertido. Principalmente se considerarmos que o falso eu vai tentar de todas as formas interferir para nos distrair e afastar daquilo que ele considera um perigo a sua existência: a tomada de consciência de que não precisamos nos submeter a seus desejos baseados na percepção.



Uma vez vez dominada a técnica, no entanto, aprendidos os movimentos e princípios básicos, automatizados os procedimentos, podemos começar a relaxar e a perceber quão divertido é [pode ser] o resultado do aprendizado. Quanta alegria, quanta paz e quanta serenidade podemos experimentar. Podemos começar a desfrutar do prazer e da alegria que resultaram de nossos esforços e de nossa atenção iniciais.

Uma vida espiritual, isto é, uma vida que inclua o contato com algo mais do que apenas o corpo e os órgãos dos sentidos, que inclua o contato com o Espírito Santo, o divino em nós, também exige dedicação, esforço e atenção iniciais. Como eu disse antes, para se conhecer Deus, ou para se chegar ao autoconhecimento, é preciso investir o mesmo tempo e as mesmas táticas que empregamos quando queremos conhecer melhor uma pessoa por quem nos interessamos, com quem queremos passar mais tempo, depois de a termos conhecido superficialmente.

domingo, 30 de outubro de 2011

Para experimentar o Amor que dura para sempre


LIÇÃO 303

O Cristo santo nasce em mim hoje.

1. Vigiai comigo, anjos, vigiai comigo hoje. Fazei que todos os pensamentos sagrados de Deus me envolvam e se aquietem comigo enquanto nasce o Filho do Céu. Deixai que os sons terrenos silenciem e que as visões a que estou acostumado desapareçam. Deixai o Cristo ser acolhido no lugar em que Ele se sente em casa. E deixai que Ele ouça os sons que Ele entende e veja apenas as cenas que mostram o Amor de Seu Pai. Fazei que Ele não seja mais um estranho aqui, pois hoje Ele nasce novamente em mim.

2. Teu Filho é bem-vindo, Pai. Ele vem para me salvar do ser maligno que criei. Ele é o Ser que Tu me dás. Ele é apenas o que realmente sou na verdade. Ele é o Filho que Tu amas acima de todas as coisas. Ele é meu Ser tal qual Tu me criaste. Não é Cristo que pode ser crucificado. Em segurança nos Teus Braços, permite que eu receba Teu Filho.

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COMENTÁRIO:

Neste domingo, dia 30 de outubro, o Curso nos oferece para as práticas uma ideia que pode ajudar em nossas tentativas de aprender a olhar para tudo e para todos de modo diferente. Se permitirmos o nascimento do Cristo em nós mesmo hoje, poderemos nos voltar para o mundo e dizer como Jesus: "Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus", repetindo parte do comentário feito anteriormente. Sem medo de escolher o Reino, em lugar do mundo e das coisas do mundo.

Mais do que apenas deixar de dar, às coisas mundanas mais valor do que elas têm, porque na verdade elas não têm nenhum valor, pois não duram eternamente, a ideia para as práticas de hoje pode transformar nosso modo de ver, ao nos oferecer a dádiva da escolha do olhar crístico, amoroso, que vai permitir ver em cada um, e em todos, à volta de nós o Cristo que nasce em nós neste dia, e que pode nascer em todos todos os dias. Ao nascer, em um só de nós que seja, Ele nasce em todos, pois não estamos separados. Somos todos um só, na unidade, em Deus.

Repetindo aquilo que já estamos cansados de saber e que o Curso ensina vezes e vezes sem conta. É um equívoco pensar que quaisquer mudanças que possamos fazer nas circunstâncias que nos cercam exerçam qualquer efeito no Ser que verdadeiramente somos. As circunstâncias não são mais do que circunstâncias, se vistas corretamente a partir do olhar amoroso de Cristo. Além do mais, ver quaisquer necessidades de mudança no mundo é dar a ele um valor e um poder que ele não tem. Não é o mundo que precisa ser transformado, mas nossa percepção do mundo, conforme a meta que o Curso nos apresenta.

As paixões que as coisas terrenas despertam dizem respeito apenas às circunstâncias que não vão durar, pois só existem na ilusão de tempo e de mundo que vivemos. Estas paixões fundam as leis que mantêm o amor no cativeiro. E, de acordo com Carol Gilligan, de quem já falei aqui: "As leis que mantêm o amor em cativeiro mantêm este mundo no lugar".

Convido-os(as), a todos e todas, pois, a que deixemos, mergulhando nas práticas, Cristo nascer em cada um de nós hoje para aprendermos a experimentar o Amor que dura para sempre e que é a única coisa que existe realmente. A única coisa que, de fato, queremos. A única coisa que pode nos dar a alegria e a paz perfeitas e completas, que são a Vontade de Deus para nós. E a nossa própria vontade.

sábado, 29 de outubro de 2011

Aprender a virtude de seguir a harmonia da Via


LIÇÃO 302

Onde havia trevas eu vejo a luz.

1. Pai, nossos olhos se abrem enfim. Teu mundo sagrado nos espera, uma vez que nossa visão é devolvida finalmente e podemos ver. Pensávamos que sofríamos. Mas tínhamos nos esquecido do Filho que Tu criaste. Agora vemos que as trevas são a nossa própria imaginação, e que a luz existe para olharmos para ela. A visão de Cristo transforma as trevas em luz, pois o medo tem de desaparecer quando o amor chega. Permite que eu perdoe Teu mundo sagrado hoje, a fim de eu poder olhar para a santidade dele e compreender que ela apenas reflete minha própria santidade.

2. Nosso Amor nos espera enquanto seguimos em direção a Ele e anda ao nosso lado indicando o caminho. Ele não falha em nada. É Ele o Fim que buscamos e é Ele o Meio pelo qual vamos a Ele.

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COMENTÁRIO:

A ideia para as práticas deste sábado, dia 29 de outubro, remete mais uma vez à oração de São Francisco, de que falamos há pouco, conforme eu disse no ano passado. Não lhes parece? Em particular, se pusermos atenção, daquela parte em que ele diz "onde houver trevas que eu leve a luz".

É o que me parece e, como já disse antes, certamente poderíamos usar a oração para ampliar e estender o alcance da ideia de hoje, usando-a sempre nos momentos em que nos parecer que "as trevas" da mágoa, da dor, do ressentimento, da raiva e do desamor estiverem a ponto de se apresentar em nosso dia. Pois, se formos capazes de ver a luz  e de trazê-la à consciência, compartilhando-a com o mundo, para substituir as trevas, será porque decerto já aprendemos, de algum modo, em alguns momentos, a ser uma presença de luz no mundo. Ou ainda não?

Repetindo parte do comentário do ano passado, é preciso que tomemos consciência de que continuaremos a andar nas trevas, enquanto ainda nos debatermos com todas as atividades e ideia mundanas, envolvendo-nos e nos deixando envolver pelos equívocos que nos mostram as ilusões que resultam de nossa percepção. Enquanto reagirmos às interpretações do que vemos, em lugar de olhar calmamente para aquilo que se apresenta, seja ele o que for, reconhecendo-o como resultado de uma escolha que nós mesmos fizemos, acolhendo-o, aceitando-o e agradecendo por se ter apresentado da forma que se apresentou, ainda estaremos andando nas trevas. Isto equivale a dizer que ainda não sabemos diferenciar aquilo, em nós, que responde à Voz do Espírito Santo daquilo que responde à voz equivocada do falso eu. E que escolhemos ouvir a voz do falso eu em lugar de dar ouvidos à Voz por Deus.


Não sabemos nada. E muitas vezes - a maioria delas - nos esquecemos de que há Algo em nós que é o que somos verdadeiramente. E que é a partir deste Algo que podemos tomar as decisões que vão nos levar em direção da alegria e da paz. Se escolhermos ouví-Lo sempre, em lugar de dar ouvidos ao falso eu. Ou, como diz Francis Utéza, em livro que leio no momento, apoiando-se na sabedoria do Tao: "Pretender dar o tom... é ir contra a virtude que consiste em seguir a harmonia da Via, apoiando-se nela para ser seu agente. O verdadeiro poder consiste no desaparecimento do eu, e não em sua exaltação". 


Para que possamos mudar este estado em nós mesmos, lembremo-nos de praticar no silêncio, abrindo-nos para a Voz por Deus. Podemos nos valer, para reforçar a ideia que praticamos, da Oração de São Francisco, como já falei acima e podemos também utilizar uma oração de Thomas Merton, que me parece trazer em si as palavras certas para a manifestação concreta daquilo que é, no fundo, o maior anseio que trazemos.


Ela diz:


Esta será a minha solidão: estar separado de mim mesmo para que seja capaz de amar somente a Ti, para amar-Te tanto assim, que já não percebo que eu esteja amando algo. Pois uma tal percepção implica a consciência de um eu separado de Ti. Eu não desejo mais ser eu mesmo, mas encontrar a mim mesmo transformado em Ti, de modo que não ha eu mesmo mas somente Tu. Isto é, quando serei o que Tu quiseste fazer de mim desde toda a eternidade: não eu mesmo, mas Amor. Deste modo se cumprirá em mim, conforme Tu queres que seja cumprida, Tua razão para a criação do mundo e de mim dentro dele.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

"Carrego teu coração... em meu coração"


9. O que é a Segunda Vinda?

1. A Segunda Vinda de Cristo, que é tão certa quanto Deus, é apenas a correção e a volta da sanidade. Ela é uma parte da condição que restitui o que nunca se perdeu e que restabelece o que é verdadeiro para todo o sempre. Ela é o convite para que a Palavra de Deus tome o lugar da ilusão; a disposição de permitir que o perdão se estenda sobre todas as coisas sem exceção e sem reserva.

2. É a natureza todo-abrangente da Segunda Vinda de Cristo que permite que ela envolva o mundo e te mantenha em segurança em seu benigno advento, que abarca todas as coisas vivas consigo. Não há limite para alívio que a Segunda Vinda traz, uma vez que a criação de Deus tem de ser ilimitada. O perdão ilumina o caminho da Segunda Vinda porque ela brilha sobre todas as coisas vivas como uma só. E, desse modo, a unidade é enfim reconhecida.

3. A Segunda Vinda põe fim às lições que o Espírito Santo ensina, dando lugar ao Juízo Final, em que o aprendizado termina em um resumo derradeiro que se estenderá além de si mesmo e chegará a Deus. A Segunda Vinda é o instante em que todas as mentes são entregues às mãos de Cristo, para serem devolvidas ao espírito em nome da criação verdadeira e da Vontade de Deus.

4. A Segunda Vinda é o único acontecimento no tempo que o próprio tempo não pode atingir. Pois cada um daqueles que algum dia veio para morrer, ou que ainda virá, ou que está presente agora é igualmente liberado daquilo que fez. Nessa igualdade Cristo é restabelecido qual uma Identidade única, na qual os Filhos de Deus reconhecem que todos eles são um só. E Deus Pai sorri para Seu Filho, Sua única criação e Sua única alegria.

5. Reza para que a Segunda Vinda aconteça logo, mas não te acomodes nisso. Ela precisa de teus olhos e ouvidos e mãos e pés. Ela precisa de tua voz. E, mais do que tudo, ela precisa de tua boa vontade. Alegremo-nos por sermos capazes de fazer a Vontade de Deus e de nos unirmos em sua luz sagrada. Atenção, o Filho de Deus é um em nós, e podemos alcançar o Amor de nosso Pai por intermédio d'Ele.

*

LIÇÃO 301

E o Próprio Deus enxugará todas as lágrimas.

1. Pai, não posso chorar a não ser que eu julgue. Tampouco posso sentir dor, ou sentir que estou abandonado ou que sou desnecessário no mundo. Este é meu lar porque não o julgo e, por isso, ele é apenas aquilo que Tu queres. Permite-me, hoje, vê-lo sem condenação, pelos olhos felizes que o perdão libera de qualquer distorção. Deixa-me ver Teu mundo em lugar do meu. E todas as lágrimas que derramei serão esquecidas, pois sua fonte desapareceu. Pai, não julgarei Teu mundo hoje.

2. O mundo de Deus é feliz. Aqueles que o observam com atenção só podem adicionar a ele a alegria que sentem e abençoá-lo por ser motivo de mais alegria em si mesmos. Chorávamos porque não compreendíamos. Mas aprendemos que o mundo que víamos era falso e, hoje, olharemos para o mundo de Deus.

*

COMENTÁRIO:

Nesta sexta-feira, dia 28 de outubro, vamos abrir nossos corações e mentes para receber mais uma das instruções especiais a que o Curso se refere na Introdução desta segunda parte do Livro de Exercicios. A instrução de número nove apresenta o tema que vai dar unidade a nossas práticas pelos próximos dez dias.

Como digo a cada nova instrução, creio não ser necessários lembrar que a orientação do Curso é que voltemos nossa atenção para ela pelo menos uma vez a cada dia, antes da prática da ideia que o Curso nos oferece. Ou será preciso?

A nona instrução é: O que é a Segunda Vinda? E, como eu disse antes, ela fala por si mesma. Por isso, uma vez que a ideia para as práticas de hoje trata de nos ensinar a olhar para o mundo de forma diferente, para que vejamos nele apenas o mundo de Deus, ofereço-lhes uma tradução livre de um poema de e. e. cummings, que pode servir para que nos lembremos do que diz uma das lições que praticamos na primeira parte é que é uma das mais importantes para que mudemos nosso modo de olhar para tudo e para todos: Deus vai comigo aonde eu for. O poema diz o seguinte:


Carrego teu coração comigo (carrego-o em
meu coração) nunca estou sem ele (a qualquer lugar
que vou, tu vais comigo, meu amado; e qualquer coisa que seja feita
apenas por mim é teu fazer, meu querido)
                                                             não temo
nenhum destino (pois tu és meu destino, meu amor) não quero
nenhum mundo (pois belo tu és meu mundo, minha verdade)
e és tu que estás no que quer que seja que uma lua sempre queira dizer
e no que quer que seja que um sol cante sempre és tu


aqui está o segredo mais profundo que ninguém conhece
(aqui está a raiz da raiz e o broto do broto
e o céu do céu da árvore dita vida; que cresce
mais alto até do que a alma pode esperar ou do que a mente pode esconder)
e esta é a maravilha que mantém as estrelas separadas


Carrego teu coração (eu o carrego em meu coração) 

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Quem responde quanto tempo dura um instante?


LIÇÃO 300

Este mundo dura só um instante.

1. Este é um pensamento que pode ser usado para dizer que a morte e a dor são o destino inevitável de todos os que vêm aqui, pois suas alegrias desaparecem antes de serem possuídas ou mesmo apreendidas. No entanto, ele também é a ideia que não permite que nenhuma percepção falsa nos mantenha sob seu controle, nem represente mais do que uma nuvem passageira em um céu eternamente sereno. E é esta serenidade, sem nuvens, inegável e segura, que buscamos hoje.

2. Buscamos Teu mundo sagrado hoje. Pois nós, Teus Filhos amados, perdemos o rumo por algum tempo. Mas ouvimos Tua Voz e aprendemos exatamente o que fazer para sermos devolvidos ao Céu e a nossa Identidade verdadeira. E hoje damos graças porque o mundo dura só instante. Queremos ir além deste diminuto instante para a eternidade.

*

COMENTÁRIO:

Vocês aguentam rever, o comentário feito a esta lição no ano passado? Acho que vale revisitá-lo, os que já passaram por aqui antes. E quem ainda não tinha chegado até aqui vai ver pela primeira vez. E parabéns a todos nós que chegamos à lição de número trezentos. Não é pouco pensar que passamos trezentos dias deste ano buscando manter a mesma sintonia. Buscando lembrar uma, duas, três, quantas vezes mais for possível a cada um de voltar à presença do divino em nós mesmos. Ao passar do tempo e a familiarização com as práticas, as lições diárias passam a ser compromisso pessoal, de cada um com o divino em si, imprescindíveis. Por isso cabe repetir a pergunta do ano passado:


 Quanto tempo dura um instante?

Talvez, aproveitando a ideia para nossas práticas desta quinta-feira, 27 de outubro, pudéssemos ou devêssemos nos perguntar isto. Para que nossa atenção - quem sabe - se volte para nós mesmos e para o uso que fazemos do tempo, e de nossas vidas, adiando, protelando, prorrogando e postergando a tomada de decisão. Acreditamos que sempre haverá tempo. Haverá? Há?

Talvez pudéssemos e devêssemos dar ouvidos a Riobaldo, o jagunço que se apresenta mais uma vez para dizer que: "'Vida' é noção que a gente completa seguida assim, mas só por lei de uma ideia falsa. Cada dia é um dia". E ainda que "... o destino da gente às vezes conversa, sussurra, explica, até pede para não se atrapalhar o devido, mas ajudar".

E o que fazemos? O que pensamos? Olhamos para o lado, olhamos para frente, voltamo-nos para o passado e fugimos à decisão. - Ah! Amanhã eu decido! Amanhã eu faço! Amanhã eu resolvo! Isso pode esperar mais um pouco. Só vou poder olhar para isso mais tarde.

Talvez a ideia que praticamos hoje sirva para que despertemos e nos demos conta de que não há tempo! Ou de que o tempo de sentir só pode ser agora. O tempo de viver só pode ser este dia. E cada dia que se apresentar. O tempo de fazer só pode ser este instante. Este momento.

Lembram-se de "Sociedade dos Poetas Mortos", um filme de algum tempo atrás, de que falei anteontem também, no qual o professor exortava os estudantes a agirem de acordo com a expressão latina Carpe Diem. Isto é, "aproveita o dia". Aproveitar o dia para aproveitar a vida, para aproveitar cada momento. Afinal, cada momento é único, assim como cada um de nós. E dura só um instante. Assim como cada um de nós. Assim como este mundo.

Quem pode responder quanto tempo dura um instante?

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Um dia para a esperança, outro para o desconsolo


LIÇÃO 299

A santidade eterna habita em mim.

1. Minha santidade está muito além de minha própria capacidade de entender ou conhecer. No entanto, Deus, meu Pai, Que a criou, reconhece minha santidade como a d'Ele. Nossa Vontade conjunta a compreende. E Nossa Vontade conjunta sabe que isso é verdade.

2. Pai, minha santidade não vem de mim. Ela não é minha para ser destruída pelo pecado. Ela não é minha para sofrer ataques. Ilusões podem escondê-la, mas não podem extinguir sua radiância nem turvar sua luz. Ela continua a ser perfeita e intocada para sempre. Todas as coisas são curadas nela, pois continuam a ser tal qual Tu as criaste. E eu posso conhecer minha santidade. Pois a Própria Santidade me criu, e eu posso conhecer minha Fonte porque é Tua Vontade que Tu sejas conhecido.

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COMENTÁRIO:

Nesta quarta-feira, dia 26 de outubro, a ideia que vamos praticar busca nos devolver a condição natural do Filho de Deus. É a prática desta ideia que pode nos pôr em contato com aquilo que somos verdadeiramente, não importa aquilo em que acreditemos nos ter transformado a partir de nossas experiências neste mundo. Pois não é apenas a ilusão que criou este mundo, em que aparentemente vivemos? E toda a ideia de busca e todos os esforços que fazemos nos vários caminhos que trilhamos servem apenas para confirmar aquilo que o Curso diz, que é a mesma coisa que nos dizem todos os mestres de todos os tempos. Nós já somos aquilo que buscamos.


É por isso, pois, que as ideias da alegria e da paz, perfeitas e completas, bem como a da santidade são, como já disse anteriormente, recorrentes no Curso, por serem elas a condição natural do Filho de Deus. Aprender a reconhecer e internalizar a santidade em nós é o que vai nos permitir viver na alegria e na paz perfeitas. É o que vai nos devolver à Graça, ao Eu, de que fala Ramana Maharshi, quando diz, conforme vimos no ano passado, que:

"As pessoas não entendem a verdade nua e crua e - a verdade de sua consciência de cada dia, sempre presente e eterna. Essa é a verdade do Eu. Existe alguém que não esteja consciente do Eu? Embora não gostem de ouvir falar disso, as pessoas estão ávidas por saber o que vai além [de suas vidas momentâneas] - céu, inferno, reencarnação. Exatamente porque elas amam o mistério e não a verdade pura, as religiões as mimam - para, finalmente, trazê-las de volta ao Eu. Por mais que possa vagar, vocês devem retornar em última instância ao Eu; portanto, por que não subsistir no Eu [na santidade] aqui e agora?

"... a Graça está sempre presente desde o princípio. A Graça é o Eu. Não é algo para ser conseguido. Basta reconhecer sua existência.

"Se a realização não fosse eterna, não valeria a pena. Assim, o que buscamos [a santidade, a Graça, o Eu] não é algo que deve ter começado a existir, mas algo que é eterno e está presente agora mesmo, presente em sua própria consciência [habita em nós].

"[Na verdade], passamos [aparentemente e na ilusão apenas] por todo tipo de práticas e princípios vigorosos para nos tornarmos o que já somos agora [o que sempre fomos e seremos eternamente]. Todo [o] esforço serve simplesmente para nos livrarmos da impressão errada de que estamos limitados pelas aflições desta vida.

"Inicialmente, é impossível para você não fazer esforço. Quando você vai mais fundo, é impossível para você fazer esforço."

O aparente esforço que precisamos fazer inicialmente só é necessário porque "no estado do viver, as coisas vão enqueridas* com muita astúcia: um dia é todo para a esperança, o seguinte para a desconsolação", como nos ensina o jagunço Riobaldo.

Porém, ele mesmo nos alerta para o fato de que: "Somente com a alegria é que a gente realiza bem - mesmo até as tristes ações".

*[amarradas]

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Quando será a hora de declarar nosso amor a Deus?


LIÇÃO 298

Eu Te amo, Pai, e amo Teu Filho.

1. Minha gratidão permite que meu amor seja aceito sem medo. E, dessa forma, sou, afinal, devolvido a minha realidade. O perdão retira tudo o que se intrometia com minha vista sagrada. E eu chego perto do fim da jornada sem sentido, de carreiras loucas e de valores artificiais. Em lugar disso, aceito o que Deus estabeleceu como meu, certo de que só nisso serei salvo; certo de que atravesso o medo para encontrar meu amor.

2. Pai, venho a Ti hoje porque não quero seguir nenhum caminho a não ser o Teu. Tu estás a meu lado. Teu caminho é seguro. E eu estou grato por Tuas dádivas de refúgio garantido e de sáida para tudo o que quer esconder meu amor por Deus, meu Pai, e por Seu Filho santo.

*

COMENTÁRIO:

Nesta terça-feira, dia 25 de outubro, é necessário que fiquemos de olhos bem abertos a tudo e a todos. É preciso que voltemos toda a atenção para a ideia a que o Curso nos oferece para as práticas, uma vez que, em geral. não estamos acostumados a declarar nosso amor a Deus. Muito menos a qualquer um de seus filhos, a quem, às vezes dizemos amar, mas com um amor condicionado ao atendimento de certas exigências do falso eu.

Aproveitando a maior parte do comentário feito a esta lição no ano passado, lembremo-nos do conselho de Ricardo Reis, um dos heterônimos do poeta português Fernando Pessoa, em uma de suas odes, como forma de estender e ampliar o alcance de nossa reflexão neste dia.

Diz ele:

Uns, com os olhos postos no passado,
Veem o que não veem; outros, fitos
Os mesmos olhos no futuro, veem
O que não pode ver-se.

Por que tão longe ir pôr o que está perto -
A segurança nossa? Este é o dia,
Esta é a hora, este é o momento, isto
É o que somos, e é tudo.

Perene flui a interminável hora
Que nos confessa nulos. No mesmo hausto
Em que vivemos , morreremos. Colhe
O dia, porque és ele.



Para quem assistiu e se lembra de um filme de alguns anos atrás, a expressão correspondente ao que nos diz Ricardo Reis, utilizada por um dos personagens do filme, é "Carpe Diem", que significa algo como "aproveita o dia". Ou, em outras palavras, vive o presente, que é o único tempo que existe. Há que se dizer mais? 



Às práticas, pois.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

A mensagem central de Jesus é o perdão


LIÇÃO 297

O perdão é a única dádiva que dou.

1. O perdão é a única dádiva que dou, porque ele é a única dádiva que quero. E tudo o que dou dou a mim mesmo. Esta é a fórmula básica da salvação. E eu, que quero ser salvo, quero fazê-la minha, para que ela seja o modo como vivo em um mundo que precisa de salvação, e que será salvo quando eu aceitar a Expiação para mim mesmo.

2. Pai, quão seguros são Teus caminhos; quão seguro o resultado final deles, e quão confiantemente já está estabelecido cada passo de minha salvação, e realizado por Tua graça. Graças sejam dadas a Ti por Tuas dádiva eternas, e graças Te dou por minha Identidade.

*

COMENTÁRIO:

A ideia que o Curso nos oferece para as práticas desta segunda-feira, dia 24 de outubro está diretamente relacionada à mensagem central de Jesus, em sua passagem por este mundo: o perdão, a se dar crédito a tudo o que se disse e diz a respeito dele. Também está intrinsecamente ligada a São Francisco, que, pelo que nos dizem os historiadores e estudiosos da vida e da obra de São Francisco, foi capaz de viver o que Jesus disse.


Assim, lembrando-nos do comentário feito a esta lição no ano passado, voltemos ao que nos diz São Francisco em sua oração, conhecida mundialmente.  Pois, se ouvirmos, de fato, o que ele diz em sua oração, aliando suas palavras à ideia que praticamos hoje, vamos ser capazes de aprender que "é perdoando que se é perdoado" e que tudo o que precisamos fazer para obter aquilo que queremos é oferecê-lo por primeiro.


Como eu disse também no ano passado, Leonardo Boff, em seu livro A Oração de São Francisco, começa sua mensagem a respeito da frase "É perdoando que se é perdoado" dizendo que: "Uma das dimensões mais surpreendentes e até escandalosas da mensagem de Jesus é o anúncio de que seu Deus é um Deus de amor incondicional e de irrestrita misericórdia. [Um Deus que] Oferece a todos o seu amor e o seu perdão, mesmo quando não [Se] depara com a contrapartida deste amor. [Um Deus que] Ama até 'os ingratos e maus' "(Lc 6, 35).

Há ainda na mesma oração mais uma referência ao perdão que diz "onde houver ofensa, que eu leve o perdão". Repetindo: para fazer isto, é preciso que estejamos dispostos a seguir a orientação do Curso e buscar um modo diferente de olhar para o mundo, é preciso querer ver para ver verdadeiramente. Para tanto, ele nos oferece estas práticas diárias.

Quando, de fato, nos decidirmos a olhar para o mundo de modo diferente, aprenderemos a eliminar a pouco e pouco o julgamento que fazemos daquilo que vemos. Este é o caminho que vai nos oferecer a visão de um mundo perdoado.

E que tal relembrar da Oração de São Francisco mais uma vez?

Senhor,
Fazei-me um instrumento de vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor;
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;
Onde houver discórdia, que eu leve a união;
Onde houver dúvida, que eu leve a fé;
Onde houver erro, que eu leve a verdade;
Onde houver desespero, que eu leve a esperança;
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria;
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre,
Fazei que eu procure mais consolar, que ser consolado;
Compreender, que ser compreendido;
Amar, que ser amado,
Pois é dando que se recebe,
É perdoando que se é perdoado,
E é morrendo que se vive para a vida eterna.

Boas práticas a todos. Uma ótima semana.

domingo, 23 de outubro de 2011

É preciso que nos rendamos ao Espírito Santo


LIÇÃO 296

O Espírito Santo fala por meu intermédio hoje.

1. O Espírito Santo precisa de minha voz hoje, para que o mundo inteiro possa ouvir Tua Voz e escutar Tua Palavra por intermédio de mim. Estou decidido a deixar que Tu fales por meio de mim, pois não quero nenhuma palavra a não ser as Tuas e não quero ter nenhum pensamento que esteja separado dos Teus, pois só os Teus são verdadeiros. Eu quero ser o salvador do mundo que fiz. Pois, tendo-o amaldiçoado, quero libertá-lo, para poder achar saída e ouvir a Palavra que Tua Voz sagrada vai dizer para mim hoje.

2. Hoje ensinamos aquilo que precisamos aprender, e só isso. E, por isso, a meta de nosso aprendizado se torna uma meta sem conflitos e pode ser facilmente alcançada e realizada. Quão alegremente o Espírito Santo vem para nos resgatar do inferno, quando permitimos que Seu ensinamento, por nosso intermédio, convença o mundo a buscar e a achar o caminho natural para Deus.

*

COMENTÁRIO:

Neste domingo, dia 23 de outubro, vou repetir integralmente o comentário feito para esta mesma lição no ano passado. Acho que a reflexão sugerida naquele momento ainda é cabível e pode auxiliar nas práticas. Aí vai, então:


A ideia que o Curso apresenta para nossas práticas hoje aprofunda e amplia o alcance da ideia da lição de ontem. É preciso que ofereçamos nossas vidas, que nos rendamos espontaneamente ao Espírito Santo para podermos ser um veículo da comunicação perfeita, para aprendermos a depositar sobre o mundo, e sobre todas coisas do mundo, o olhar amoroso que Ele nos ensina e para podermos oferecer ao mundo apenas as palavras que nos chegam por Sua Voz.

Para tanto, vejamos o que podemos aprender das palavras de um poema de Rainer Maria Rilke, o grande poeta alemão. Haverá alguma ligação entre o que ele diz e o que a lição de hoje quer nos ensinar?

Se a ti, vizinho Deus, eu incomodo às vezes
com rude batimento no meio da noite
é que de quando em quando te ouço respirar
e sei que estás sozinho no salão.
E, se careces de algo, lá não há ninguém
que te ofereça um gole às mãos tateantes...
Sempre atento estou eu: ao menor sinal teu
eu estou muito perto.

Só existe entre nós uma fina parede,
por acaso: se houvesse, por acaso,
de tua boca ou da minha algum chamado,
ela se desfaria
sem alarme ou ruído.

De imagens tuas ela é toda feita:
imagens que em tua frente se põem - nomes.
E, tão logo se acende em mim a luz
com que te reconhece a profundeza minha,
ela some como um reflexo na moldura.

E meus sentidos, que em pouco se debilitam,
desligados de ti - ficam sem pátria.

Se ao menos uma vez tudo se aquietasse...
Se se calassem o talvez e o mais-ou-menos
e o riso a minha volta...
Se o barulho que fazem meus sentidos
não perturbassem mais minha vigília...

Então, num pensamento multifário,
poderia eu pensar-te até os teus limites
e possuir-te (só o tempo de um sorriso)
e oferecer-te a vida inteira, como
um agradecimento.

sábado, 22 de outubro de 2011

A comunicação perfeita só pode vir pelo espírito


LIÇÃO 295

Hoje o Espírito Santo olha através de mim.

1. Cristo pede para usar meus olhos hoje para, desta forma, redimir o mundo. Ele pede esta dádiva para poder me oferecer paz de espírito e afastar todo o medo e toda a dor. E, quanto se afastam de mim, os sonhos que eles pareciam depositar sobre o mundo desaparecem. A redenção tem de ser única. Quando sou salvo, o mundo é salvo comigo. Pois todos nós temos de ser redimidos juntos. O medo se apresenta de muitas formas diferentes, mas o amor é um só.

2. Meu Pai, Cristo me pediu uma dádiva, e uma dádiva que dou para que ela me seja dada. Ajuda-me a usar os olhos de Cristo hoje, para, deste modo, permitir que o Espírito Santo abençoe todas as coisas sobre as quais eu venha a pousar me olhar, para que Seu Amor misericordioso possa permanecer em mim.

*

COMENTÁRIO:

Parece-me que o comentário feito no ano passado para a lição deste sábado, dia 22 de outubro, ainda é bastante pertinente, se voltamos um pouquinho que seja de nossa atenção a uma ou duas das ideias que praticamos nos últimos poucos dias. Aquelas ideias que nos aconselham, entre outras coisas, a esquecer o passado de meu irmão, ou que nos dizem que o passado passou, se foi e não pode nos tocar, ou ainda uma que nos põe a praticar a ver só a felicidade deste momento.


Assim como eu dizia no ano passado, pensando nessas ideias de alguns dias atrás não há como não pensar no fato de, conscientes disso ou não, ainda nos debatermos, hoje, em tentativas de encontrar novas interpretações para as palavras atribuídas a Jesus, ditas há mais de 2.000 anos, que chegaram até nós. Penso que devem ser muito poucos os que se perguntam: - Quem pode garantir que o que ele disse mesmo seja o que os escritos e escritores nos trouxeram ao longo do tempo?

E que dizer, então, dos textos de que nos valemos até hoje e que são muito mais antigos do que os ditos "evangelhos" do Novo Testamento que o cristinanismo nos legou?

Não estaremos todos sugestionados por uma história que foi sendo escrita apenas para atender aos interesses de uns poucos que queriam exercer algum poder sobre um grande número de pessoas, condicionando-as a este ou àquele comportamento, sob a ameaça de uma condenação a um castigo eterno e permanente após a morte do corpo. Uma possibilidade inconcebível, na verdade. Afinal, os registros todos que temos são feitos, ou foram feitos, apenas por meia dúzia de pessoas, que nos contam o que viram de acordo com sua percepção. Será que outras testemunhas não diriam coisas diferentes?

Um dos livros que li a respeito dos textos chegaram até nós diz que: "Quem quer que lesse um livro na Antiguidade nunca estava cem por cento seguro de que estava lendo o que o autor escrevera. Palavras podiam ter sido trocada. E, de fato, eram, mesmo que só um pouco".

E por quê? Porque "as pessoas que reproduziam textos por todo o império [romano] não eram, normalmente, aquelas que queriam ler os textos. Os copistas, em geral, reproduziam os textos para outros", sempre por encomenda.

Assim, remetendo a Orígenes, afirma o autor que muitas vezes "as diferenças entre os manuscritos se tornaram gritantes, ou pela negligência de algum copista ou pela audácia perversa de outros; ou eles descuidavam de verificar o que transcreveram ou no processo de verificação acrescentam ou apagam trechos, como mais lhes agrade".

Somos sugestionáveis! Mas, sabendo disso, não lhes parece ser mais fácil olhar para tudo e questionar se os mapas que estão nos apresentando tem alguma a coisa a ver, de fato, com a geografia do caminho que queremos trilhar ou se não serão apenas mais alguns instrumentos destinados a nos indicar a direção errada, ou uma direção que atenda somente aos interesses dos fazedores de mapas?

É claro que este comentário poderia ser muito mais extenso, dada a imensa gama de possibilidades e de questões que ele suscita. Mas deveria? O que quero com ele é apenas chamar sua atenção para o fato de que não pode ser senão por meio do Espírito Santo, do divino em nós, [alguns podem preferir chamar isso de consciência] que poderemos ter acesso à verdade a respeito de nós mesmos e do que somos de fato.

E é para isto que nos orienta a ideia das práticas de hoje. Pois, ainda de acordo com o livro de que falava acima, "... o único modo de entender o que um autor quer dizer é conhecer o que suas palavras - todas as suas palavras - realmente querem dizer". E quero crer que conhecer significa acolher as palavras experimentalmente, ou seja, encontrar seu eco dentro de nós mesmos, como expressão do divino em nós.

Há, porém, que nos lembrarmos de que, além disso, todas as palavras estão sempre sujeitas a milhares de interpretações, que variam de acordo com o interesse, com o objetivo e com a experiência de quem quer que esteja lidando com elas. E, mesmo que venhamos a conhecer "todas as palavras" de um autor, o que elas "realmente" querem dizer está além de nossa percepção. E muitas vezes até além da percepção do próprio autor. [Lembram-se da diferença entre percepção e conhecimento?]

Qualquer um, que não o autor, pode se identificar com as palavras dele, pode concordar com o que ele diz, pode discordar e pode até mesmo entender o que ele diz como não tendo absolutamente nada a ver com a realidade de que ele fala, pelo menos não com a realidade da forma como vista por este leitor discordante.

No entanto, se emprestamos nossos ouvidos interiores ao Espírito Santo, para tentar ouvir a partir da compreensão amorosa do divino em nós, é bastante provável que cheguemos à comunicação perfeita. É bem provável que ehegemos a comungar com o(s) outro(s), partilhando o entedimento de que somos um, e de que a diversidade, em lugar de nos separar, nos une e enriquece nossa experiência dando-lhe uma variedade de matizes e cores que ela não teria em muitas circunstâncias, vistas apenas com os olhos do corpo, ouvidas apenas com os ouvidos do corpo.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Só eu mesmo dou valor e significado ao que vejo


LIÇÃO 294

Meu corpo é uma coisa inteiramente neutra.

1. Eu sou um Filho de Deus. E posso ser outra coisa também? Deus criou o mortal e o perecível? Que utilidade tem para o Filho amado de Deus aquilo que tem de morrer? E, não obstante, uma coisa neutra não percebe a morte, pois não se investe pensamentos de medo aí, tampouco se coloca um arremedo de amor sobre ela. Sua neutralidade a protege enquanto tiver uma utilidade. E, mais tarde, ela é abandonada. Ela não está doente, nem velha, nem ferida. Ela só não tem mais função, é desnecessária e é dispensada. Permite que eu não a veja como mais do que isso hoje, útil por algum tempo e própria para atender a uma necessidade, para manter sua utilidade enquanto puder ser útil e para ser substituída então por um bem maior.

2. Pai, meu corpo não pode ser Teu Filho. E aquilo que não é criado não pode ser pecador nem inocente; nem bom nem mau. Permite, então, que eu use este sonho para ajudar em Teu plano, a fim de que despertemos de todos os sonhos que fizemos.

*

COMENTÁRIO:

A ideia para nossas práticas desta sexta-feira, dia 20 de outubro, traz-nos para reflexão o tema da neutralidade do corpo. E, se voltarmos nossa atenção para o que as primeiras lições nos ensinaram, haveremos de lembrar que o Curso diz que só nós mesmos damos valor, ou atribuímos significado, ao que vemos. Pois o mundo, e tudo o que há nele, inclusive nossos corpos, é neutro.


É por isso, como eu dizia no ano passado, a partir de um comentário ao texto O corpo como meio e fim, que não podemos embarcar na visão equivocada do ego e acreditar que o corpo tem uma função diferente ou maior do que a de ser apenas um veículo de comunicação, neste mundo em que aparentemente vivemos. Precisamos aprender a abandonar quaisquer medos que tenhamos do destino que está reservado aos corpos, como a quaisquer outros veículos de comunicação e instrumentos de que nos valemos para viver aqui.

O "corpo é uma coisa inteiramente neutra", o Curso ensina, e ninguém pode querer nos ensinar a temer sua perda. Assim, lembrando do finalzinho do comentário feito a esta lição no ano passado, volto a dizer que é preciso, pois, que sejamos capazes de decidir, a partir do aprendizado da verdadeira função dos corpos, como nos ensina mais uma vez o jagunço Riobaldo, que:

"... enquanto houver no mundo um vivente medroso, um menino tremor, todos perigam - o contagioso. Mas ninguém tem a licença de fazer medo nos outros, ninguém tenha. O maior direito que é meu - o que quero e sobrequero -: é que ninguém tem o direito de fazer medo em mim."



Tanto isto é verdade que nem o Próprio Deus nos impede de fazer qualquer coisa que queiramos. Nem nos julga, nem quer nos punir e castigar por qualquer crença que tenhamos. Nem mesmo quando, equivocadamente, nos acreditamos separados d'Ele.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

O passado nos impede de viver a alegria e a paz


LIÇÃO 293

Todo o medo passou e só existe amor aqui.

1. Todo o medo passou porque sua fonte acabou e todos os seus pensamentos acabaram com ela. O amor, cuja Fonte está aqui para todo o sempre, fica sendo o único estado presente. O mundo pode parecer alegre e puro, e seguro e acolhedor, com todos os meus erros do passado a pressioná-lo e a me mostrarem formas distorcidas de medo? No presente, porém, é fácil de se reconhecer o amor, e seus efeitos são visíveis. O mundo inteiro brilha como reflexo de sua luz sagrada e eu percebo, por fim, um mundo perdoado.

2. Pai, não deixes que Teu mundo sagrado fuja de minha vista hoje. Nem deixes que meus ouvidos fiquem surdos aos hinos de gratidão que o mundo canta sob os sons do medo. Existe um mundo verdadeiro que o presente mantém a salvo de todos os erros anteriores. E eu quero ver só este mundo diante de meus olhos hoje.

*

COMENTÁRIO:

Podemos começar nossa reflexão para as práticas da ideia que o Curso nos oferece nesta quinta-feira, dia 20 de outubro, repetindo a pergunta que abriu o comentário feito para esta mesma lição no ano passado. Qual seja, o que nos impede de seguir em frente e viver a alegria e a paz, em segurança, sem medo e sem susto, sem nem ao menos levar em conta uma única e ínfima possibilidade de que qualquer coisa possa atrapalhar nossa caminhada e não nos deixar viver o Céu aqui e agora?

A resposta continua a ser a mesma. O passado! Pois é a crença na existência do tempo que nos dá o sistema de pensamento do ego, do mundo da ilusão e das formas. O falso eu nos ensina que só podemos nos aproximar de qualquer coisa neste mundo comparando-a com outra que conhecemos no passado. É isto o que significa avaliar para o ego.

Mais uma pergunta. Por que é aparentemente tão difícil, mas tão difícil mesmo, para a maioria de nós acreditar que "cumprir a vida seja simplesmente compreender a marcha, ir tocando em frente", como diz a letra de uma música de Almir Sater a que já me referi aqui?

Porque, conforme o Curso nos ensina, em maior ou menor grau, todos, ou quase todos nós neste mundo, ainda estamos apegados a coisas que já não existem mais, coisas que já passaram, ideias que já se tornaram obsoletas e que já se provaram inadequadas para explicar o mundo em que vivemos, e para explicar nossa função no mundo. Porque ainda trazemos em nós as marcas de experiências que nos imobilizaram, em vez de enriquecer nossa vida como deveriam, se utilizadas e entendidas de maneira adequada, ao se apresentarem. São essas marcas que nos impedem de ver e de viver no presente. Não fosse isso e não daríamos tanto valor a este mundo, e às coisas nele.

Será que algum de nós já consegue, de verdade, olhar para qualquer uma das pessoas de suas relações e ver nela o Filho de Deus muito amado tal qual Ele se apresenta agora, no momento em que olhamos para ela, sem sequer lembrar de qualquer experiência anterior que poderia representar uma confirmação da separação que o ego ensina, pela culpa ou pelo julgamento?

Não! Em geral, ao olhar para uma pessoa, não importa se a conhecemos há pouco tempo, há muito tempo, ou se acabamos de conhecê-la, tudo o que vemos são nossos pré-conceitos. Assim que a vemos colocamos nela uma etiqueta, que lhe dás estas ou aquelas características, gostemos dela ou não. Não importa! Pois, ao olhar para nossos próprios pré-conceitos, olhamos sempre para algo que não existe mais. Como incluir, então, o amor em nossa experiência, se tudo o que vemos é apenas o passado?

É para mudar este modo de olhar que o Curso nos oferece a ideia para as práticas de hoje.

Às práticas?

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Viver o agora nos devolve a consciência do divino


LIÇÃO 292

É certo um final feliz para todas as coisas.

1. As promessas de Deus não fazem nenhuma exceção. E Ele assegura que só se pode achar a alegria como resultado final para todas as coisas. O momento em que se chegará a este resultado, porém, depende de nós; de quanto tempo permitiremos que uma vontade estranha pareça se opor à d'Ele. E, enquanto pensarmos que essa vontade é real, não acharemos o final que Ele estabelece como resultado para todos os problemas que percebemos, para todas as provações que vemos e para cada situação com que nos deparamos. Contudo, o fim é certo. Pois a Vontade de Deus se faz na terra e no Céu. Nós vamos buscar e achar segundo a Vontade d'Ele, que assegura que se faça a nossa vontade.

2. Nós Te agradecemos, Pai, por Tua garantia de apenas resultados felizes no final. Ajuda-nos a não nos intrometermos e, assim, atrasar os finais felizes que Tu nos prometes para cada problema que podemos perceber, para cada provação que ainda pensamos ter de enfrentar.

*

COMENTÁRIO:

Vamos, nesta quarta-feira, 19 de outubro, dedicar nossa atenção mais uma vez, por um momento que seja, à ideia de nossas práticas de ontem [Este é um dia de serenidade e de paz.] e para a ideia que o Curso nos ofereceu para as práticas de domingo [Minha felicidade neste momento é tudo o que vejo.]. Antes de voltarmos nossa atenção para a ideia para as práticas de hoje, lembrar das anteriores, como eu disse também no ano passado, há de nos fazer concluir que a ideia que vamos praticar neste dia tem de ser verdadeira. Mais, não poderemos deixar de concluir que o Curso está certo ao afirmar que o único tempo que existe é o presente.

E como eu disse antes também, alguns podem até se perguntar: Por quê? E eu, repetindo ainda o comentário anterior, diria que a razão para tanto é o fato de as práticas diárias nos porem em contato, agora - ainda que por alguns instantes apenas -, com o que somos e de que nos esquecemos a maior parte do tempo, vivendo de forma inconsciente, fazendo coisas, querendo coisas, obtendo coisas e sonhando em ter e acumular mais e mais coisas, numa busca e numa atividade desenfreadas que nos afastam cada vez mais de nós mesmos, de tudo, de todos e, mais sério, nos afastam aparentemente cada vez de Deus.

Ora, o contato com o que somos, agora - o único tempo que existe, ainda que por breves instantes, nos devolve a consciência do divino em nós e nos permite estar presentes por inteiro em qualquer situação que se apresente. É nossa presença por inteiro que facilita viver cada dia como "um dia de serenidade e de paz", ou que possibilita vermos apenas nossa "felicidade neste momento".

E é claro que estes vislumbres e vivências do presente, do "aqui e agora", em nós mesmos, por mais breves que sejam, insisto, podem nos garantir e garantem, de fato, que, como a ideia que praticamos hoje: É certo um final feliz para todas as coisas.

Vamos, pois, às práticas, oferecendo ao Pai toda a gratidão de que somos capazes pela certeza de que a Vontade d'Ele é a garantia de nossa [própria] vontade, que é a mesma d'Ele, só pode ser satisfeita, quando nos rendermos por completo a Sua Presença em nós.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

O mundo real só é visível para olhos que perdoam


8. O que é o mundo real?

1. O mundo real é um símbolo, igual ao resto do que a percepção oferece. Contudo, ele representa o contrário daquilo que tu fizeste. Teu mundo é visto pelos olhos do medo e te traz à mente as evidências do horror. O mundo real não pode ser visto senão por olhos que o perdão abençoa, a fim de que eles vejam um mundo no qual o horror seja impossível e não se possa encontrar indícios de medo.

2. O mundo real possui uma contrapartida para cada pensamento infeliz que se reflete em teu mundo; uma compensação infalível para as cenas de medo e para os ruídos de luta que teu mundo contém. O mundo real apresenta um mundo visto de forma diferente, por olhos serenos e por uma mente em paz. Não há nada aí a não ser paz. Não se ouve nenhum grito de dor e de tristeza aí porque não fica nada fora do perdão. E as imagens são serenas. Só imagens felizes podem chegar à mente que se perdoa.

3. Que necessidade esta mente tem de pensamentos de morte, ataque e assassinato? O que ela pode perceber a sua volta a não ser segurança, amor e alegria? O que há para ela querer escolher condenar e o que há para ela querer julgar de modo desfavorável? O mundo que ela vê nasce de uma mente em paz consigo mesma. Não há nenhum perigo à espreita em nada do que ela vê, porque ela é benigna e só vê benignidade.

4. O mundo real é o símbolo de que o sonho de pecado e de culpa acabou, e de que o Filho de Deus já não dorme. Seus olhos despertos percebem o reflexo seguro do Amor de seu Pai; a garantia infalível de que ele está redimido. O mundo real indica o fim do tempo, pois a percepção dele torna o tempo inútil.

5. O Espírito Santo não tem nenhuma necessidade do tempo depois que o tempo cumpre o propósito d'Ele. Agora, Ele espera aquele único instante a mais para que Deus dê Seu passo final e o tempo desapareça, levando consigo a percepção enquanto se vai, e deixa apenas a verdade para ser ela mesma. Esse instante é nossa meta, porque ele contém a lembrança de Deus. E, quando olhamos para um mundo perdoado, é Ele Quem nos chama e vem para nos levar para casa, lembrando-nos de nossa Identidade, que nosso perdão nos devolve.

*

LIÇÃO 291

Este é um dia de serenidade e de paz.

1. Hoje a visão de Cristo olha por intermédio de mim. A visão d'Ele me apresenta todas as coisas perdoadas e em paz, e oferece esta mesma visão ao mundo. E eu aceito esta visão em seu nome, tanto para mim quanto também para o mundo. Quanta graça vemos hoje! Quanta santidade vemos à volta de nós! E podemos reconhecer que ela é uma santidade da qual compartilhamos; é a Santidade do Próprio Deus.

2. Hoje minha mente está calma para receber os Pensamentos que Tu me ofereces. E eu aceito o que vem de Ti em lugar do que vem de mim mesmo. Eu não conheço o caminho para Ti. Mas Tu és inteiramente digno de confiança. Pai, guia Teu Filho pelo caminho sereno que conduz a Ti. Permite que meu perdão seja completo e deixa que a lembrança de Ti volte para mim.

*

COMENTÁRIO:

Nesta terça-feira, dia 18 de outubro, vamos começar as práticas das dez lições que se seguem tendo a oitava instrução para dar unidade ao que vamos praticar nos próximos dez dias. Esta oitava instrução é: O que é o mundo real?

Precisamos, como nos instrui o livro, voltar diariamente nosso olhar para esta instrução antes de cada lição, uma vez que o tema é de particular interesse para todos nós. Pois, em geral, pensamos que há algo de real neste mundo e que só precisamos descobrí-lo para alcançar a felicidade, a paz e a alegria que aspiramos, que buscamos sem saber onde encontrar.


Onde estará o dito mundo real? À luz de praticamente todos os ensinamentos espirituais, inclusive os do UCEM, não há nada fora de nós, de cada um de nós. Ora, isso não significaria que o mundo real só pode estar dentro de cada um de nós? O que há, então, para se buscar neste mundo? O que há para mudar neste mundo? Por que razão quase todos estão tão envolvidos com a ideia de transformar o mundo, este mundo? O que há para ser transformado nele?


Em geral, achamos que podemos fazer alguma coisa para melhorar este mundo. Mas o Curso ensina que não há mundo. Melhorar, então, o quê? Na verdade tudo o que vemos é o reflexo materializado daquilo que trazemos dentro de nós, e que projetamos no mundo, nas pessoas, e nas experiências que escolhemos viver. E tudo está ligado à percepção. Assim, para mudar qualquer coisa que nos pareça fora de lugar, ou que nos incomode por qualquer razão que seja, tudo o que precisamos fazer é trabalhar a mudança de nossa percepção. Pois não há como nos livrarmos de nada, tudo o que podemos fazer é acolher para transformar.


Lembram-se dos três passos de que lhes tenho falado? É a partir deles e do conhecimento de que "todas as coisas cooperam para o bem"; e que não importa o que façamos - ou o que qualquer um de nós faça - em relação ao mundo aparentemente fora de nós, nada pode mudar o que somos na verdade. O mundo real só é visível para os olhos que perdoam, para os olhos que não julgam.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Inundar o mundo de paz com um olhar amoroso


LIÇÃO 290

Minha felicidade neste momento é tudo o que vejo.

1. A não ser que eu olhe para aquilo que não existe, minha felicidade neste momento é tudo o que vejo. Olhos que começam a se abrir veem, enfim. E eu quero que a visão de Cristo venha a mim neste dia mesmo. Aquilo que percebo sem a Moderação Própria de Deus para a visão que fiz é assustadore e doloroso de se ver. Porém, não vou deixar nem mais um instante que minha mente seja enganada pela crença de que o sonho que fiz é real. Este é o dia em que busco minha felicidade neste momento e não olho para mais nada a não ser para a coisa que busco.

2. Com esta decisão, venho a Ti e peço que Tua força me sustente hoje, enquanto busco fazer apenas Tua Vontade. Tu não podes deixar de me ouvir, Pai. Aquilo que pedi Tu já me dás. E estou certo de que verei minha felicidade hoje.

*

COMENTÁRIO:

A ideia para nossas práticas nesta segunda-feira, dia 17 de outubro, busca nos ensinar a fincar pé no presente. Pois o que há para se viver fora dele, fora deste exato momento? Se quisermos escolher o amor, só podemos fazê-lo agora, neste momento! A partir da tomada de consciência do que somos, que também só pode se dar neste momento. Aqui e agora. Como o Curso ensina, o presente é o único tempo que existe.

Com esta ideia em mente, repetindo o comentário feito também no ano passado, acho que podemos voltar nossa atenção mais uma vez para uma das lições diárias que Neale Donald Walsch, autor da trilogia "Conversando com Deus" nos oferece e que diz o seguinte:

"Neste dia de tua vida, caro(a) amigo(a), acredito que Deus quer que saibas...

... que o amor não é o que tu queres, o amor é o que tu és. É muito importante não confundir estas duas coisas.

Se pensares que o amor é o que queres, irás buscá-lo em todos os lugares. Se pensares que o amor é o que tu és, vais partilhá-lo em todos os lugares. A segunda abordagem fará que encontres o que a busca nunca vai revelar.


Porém, tu não podes oferecer o amor a fim de obtê-lo. Fazer isso é a mesma coisa que dizer que agora não o tens. E esta afirmação, é claro, será tua realidade. Não, tu tens de oferecer amor porque o tens para dar. Com isto experimentarás tua própria posse dele."

Pergunto-lhes neste momento, então, mais uma vez: não lhes parece que é, pois, reconhecendo e aceitando ver apenas a felicidade neste momento que podemos olhar para o mundo de modo diferente, inundando-o de paz com nosso olhar amoroso?

domingo, 16 de outubro de 2011

A razão pela qual nos dedicamos a estas práticas


LIÇÃO 289

O passado acabou. Não pode me tocar.

1. A menos que o passado esteja acabado em minha mente, o mundo real tem de se esconder de minha vista. Pois não estou olhando para lugar algum de fato; vendo apenas o que não existe. Como posso perceber o mundo que o perdão oferece, então? Fez-se o passado para esconder esse mundo, pois esse é o mundo que só se pode ver agora. Ele não tem nenhum passado. Pois o que se pode perdoar senão o passado, que, se for perdoado, desaparece.

2. Pai, permite que eu não olhe para um passado que não existe. Pois Tu me ofereces Teu Próprio substituto em um mundo presente, que o passado deixa intocado e livre de pecado. Eis aqui o fim da culpa. E aqui estou pronto para Teu passo final. Devo perdir-Te que esperes mais para que Teu Filho encontre a graça que Tu planejaste para ser o fim de todos os seus sonhos e de toda a sua dor?

*

COMENTÁRIO:

A ideia que vamos praticar neste domingo, dia 16 de outubro, como não poderia deixar de ser estende e complementa a ideia que praticamos com a lição de ontem, tornando-a mais geral e abrangente. Mais ou menos como nos informa, e quer que aprendamos, a introdução ao livro de exercícios. Lembram-se da orientação de voltar à introdução, ao tema central para o período, a cada dia, antes das práticas?

Vejamos o que nos diz o livro na introdução geral aos exercícios: "O propósito do livro de exercícios é o de treinar tua mente de forma sistemática para uma percepção diferente de todos e de tudo no mundo. Os exercícios são planejados para te ajudar a generalizar as lições de modo a compreenderes que cada uma delas é igualmente aplicável a todos e a tudo o que vês" [LE-in.4].

Lembram-se também de que no ano passado comentei ter ouvido, em um diálogo de um filme a que assisti, a afirmação de um dos personagens que dizia: "A história de nossa vida, afinal, não é nossa vida. É apenas nossa história". E por que quero que vocês se lembrem disso? Porque, se pensarmos bem, prestando bastante atenção ao fato de que cada um vê o mundo a partir de uma ótica muito particular, intransferível, seremos capazes de ver, de compreender até, de juntar a ideia das práticas de hoje à frase do filme. E mais, aplicar a ideia a todos e a tudo.


E por que aplicar a ideia a tudo e a todos? - podemos nos perguntar. Como uma amiga perguntava outro dia, de que me vale perdoar o outro, não reagir, buscar amá-lo apesar de tudo, independente do que ele faça, para o bem ou para o mal? E, a partir de uma frase atribuída a Madre Tereza de Calcutá, respondendo a uma pergunta semelhante, minha amiga dizia ter lido a resposta a sua pergunta. Madre Tereza dizia que é preciso que nos dediquemos a fazer tudo aquilo porque, em última instância, tudo o que fazemos diz respeito a nós mesmos e a Deus tão-somente. Não fazemos nada para ninguém senão para nós mesmos. Sempre que nos relacionamos com alguém, no fundo, no fundo, nosso relacionamento é sempre com Deus. Percebem a razão pela qual nos dedicamos a estas práticas?


Já pensaram quão diferente nossa percepção vai se tornar quando soubermos, por estarmos atentos, que, ao olhar para o(s) outro(s) é sempre para uma manifestação do divino que olhamos? Ou que é para um aspecto do divino em nós mesmos do qual ainda não tínhamos nos dado conta?

sábado, 15 de outubro de 2011

Para escolher o Espírito Santo como professor


LIÇÃO 288

Que eu esqueça o passado de meu irmão hoje.

1. Este é o pensamento que mostra o caminho para Ti e me leva a minha meta. Eu não posso chegar a Ti sem meu irmão. E, para conhecer minha Fonte, tenho primeiro de reconhecer aquilo que Tu criaste uno comigo. É na mão do meu irmão que me guia no caminho para Ti. Os pecados dele estão no passado junto com os meus e eu estou salvo porque o passado se foi. Que eu não o acalente em meu coração ou perderei o caminho para chegar a Ti. Meu irmão é meu salvador. Que eu não ataque o salvador que Tu me dás. Mas deixa-me render homenagem a ele que carrega Teu Nome e, assim, lembrar-me de que Ele é meu próprio nome.

2. Perdoa-me, então, hoje. E saberás que me perdoas se olhares para teu irmão na luz da santidade. Ele não pode ser menos santo do que eu e tu não podes ser mais santo do que ele.

*

COMENTÁRIO:

Eis aqui, neste sábado, dia 15 de outubro, conforme eu disse também no ano passado, a ideia chave, que, praticada, aprendida e aplicada, pode abrir os portões do Céu para todos e para cada um de nós. Hoje é o dia do professor, não é mesmo? E que melhor professor podemos escolher do que o Espírito Santo, que pode guiar cada um de nossos passos na direção do perdão? E o que é esquecer o passado de meu irmão a não ser perdoar? Perdoar-me e perdoá-lo? Perdoar o passado dele é perdoar meu próprio passado também, uma vez que tudo o que eu pensava que ele tinha feito era apenas ilusão, criada a partir de meu julgamento, a partir de minha percepção. Lembrando-me ainda de que só eu sou responsável por tudo aquilo que me acontece. Não importa qual instrumento, ou qual irmão, eu use para materializar a experiência que escolho viver.

Vamos ilustrar isto mais uma vez com o que o livro texto diz:

"Os erros de teu irmão não são mais dele do que os teus são teus. Aceita os erros dele como reais e atacas a ti mesmo. Se quiseres achar o caminho e mantê-lo, vê apenas a verdade a teu lado porque vocês caminham juntos. O Espírito Santo em ti perdoa todas as coisas em ti e em teu irmão. Os erros dele são perdoados com os teus. A Expiação não é mais separada do que o amor. A Expiação não pode ser separada porque ela vem do amor. Qualquer tentativa que fazes de corrigir um irmão significa que acreditas que a correção é possível por teu intermédio, e isso só pode ser a arrogância do ego. A correção é de Deus, Que não conhece arrogância" [T-9.III.7].

Ou então, quando o texto nos chama para a fé, ele diz não haver "nenhum problema em nenhuma situação que a fé não resolva" [T-17.VII.2:1]. Ou, quando o Curso se refere à necessidade de que deixemos tudo a cargo do Espírito Santo, ao dizer que: "Se te falta fé em qualquer pessoa em relação ao papel que ela desempenhará e de forma perfeita em qualquer situação antecipadamente dedicada à verdade, a tua entrega está dividida" [T-17.VII.6:2]. Isto, parece-me, equivale a dizer que, em geral, os problemas que temos de enfrentar se devem apenas a nossa falta de fé em nossos irmãos, que é o mesmo que dizer que não temos fé em nós mesmos.

Por fim, para este comentário, o texto nos alerta para o fato de que enquanto acalentarmos o passado em nossos corações ainda estaremos equivocados a respeito da causa para a falta de fé. Pois acreditar e manter alguma parte do passado em mente significa acreditar que "pensas ter contra teu irmão aquilo que ele fez contra ti. Mas, na verdade, tu o acusas pelo que tu fizeste a ele. Não é o passado dele, mas o teu, que tens contra ele. E te falta fé nele devido ao que tu foste. Entretanto, és tão inocente quanto ao que foste quanto ele" [T-17.VII.8:1-5].


Isto, na prática, quer dizer que nós olhamos para nós mesmos e para o(s) outro(s) a partir de informações [do passado] que já não têm mais significado. A pessoa que conhecíamos em nós no passado já não existe mais. Além disso, ao olhar para o mundo com os olhos voltados para o que aprendemos no passado, que já não existe, estamos abrindo mão do poder que temos quando agimos no mundo em sintonia com a força que temos no presente, agora, no único tempo que existe.

Daí a necessidade de praticarmos com sinceridade a ideia da lição de hoje.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Deus nos dotou a todos de toda a Sua divindade


LIÇÃO 287

Tu és minha meta, meu Pai. Só Tu.

1. Para onde eu iria, a não ser para o Céu? O que poderia ser um substituto para a felicidade? Que dádiva eu poderia preferir à paz de Deus? Que tesouro eu buscaria, e acharia, e conservaria, que se pudesse comparar a minha Identidade? E será que eu prefiriria viver com medo a viver com amor?

2. Tu és minha meta, meu Pai. O que, a não ser Tu, eu poderia desejar ter? Por que caminho, senão aquele que conduz a Ti, posso desejar andar? E o que, exceto e a lembrança de Ti, pode significar o fim dos sonhos e dos substitutos inúteis para a verdade? Tu és minha única meta. Teu Filho quer ser tal qual Tu o criaste. De que outra maneira a não ser esta eu poderia esperar reconhecer meu Ser e estar em harmonia com minha Identidade?

*

COMENTÁRIO:

A ideia que vamos praticar nesta sexta-feira, dia 14 de outubro, nos lembra da meta do ensinamento que o Curso nos propõe, qual seja: o autoconhecimento. Pois como o próprio texto afirma, a parte não é diferente do todo. Isto é, a parte é apenas uma das infinitas possibilidades de expressão do todo. E para conhecer o todo basta conhecer por inteiro uma de suas partes, qualquer uma delas. Isto é o mesmo que dizer que, no momento em que nos conhecermos por completo, conheceremos Deus. Teremos, então, alcançado a meta da verdade, a meta que nos propusemos alcançar, quando aceitamos caminhar na direção que o Curso nos orienta.


Para reforçar o que tenho dito às pessoas que participam dos grupos de estudos do UCEM, precisamos voltar nossa atenção para o que nos diz o texto, quando fala a respeito de estabelecer a meta. Vejam lá, no capítulo 17, os sub-capítulos VI, VII e VIII. É preciso que tenhamos bem claro o que queremos com determinada situação, é preciso que saibamos de antemão para que vais nos servir determinada experiência. Isto depende de nos decidirmos a vivê-la para alcançar a verdade. E, se escolhemos perceber e alcançar a verdade com qualquer situação, ou a partir de toda e qualquer experiência, então é claro que tudo vai passar a fazer sentido. Todas as coisas, pessoas e situações vão servir para nos levar na direção da meta que estabelecemos para nós mesmos.


Pensemos por um instante. Se para Deus não pode existir tempo, nem espaço, nem nenhum lugar específico, diferente de outro qualquer, então, tudo o que existe para Ele é o presente. Um presente, que não é um instante que se prolonga indefinidamente até o que chamamos eternidade. Mas um presente que se renova e que se abre a todas as possibilidades a todo momento. Um presente no qual tudo permanece exatamente como é, como sempre foi e como sempre será, porque imutável. Independente de quaisquer experiências que se apresentem. Todas elas são apenas experiências e não afetam o que somos, nem o que Deus é, de forma alguma.

Por isso, como fiz também no ano passado, vale perguntar mais uma vez: será que algum de nós acredita que há alguma outra coisa para se conhecer ou desejar além de nos decidirmos a conhecer Deus? Existirá alguma outra meta além d'Ele? Na verdade, é preciso que pensemos muito seriamente a respeito do que queremos, pois qualquer coisa que nos afaste do estado natural de alegria e de paz completas, não pode ser senão um desejo ligado à ilusão. Um desejo que reforça a crença em uma separação que não existe.

Reconhecer que nossa meta é chegar a Deus, e conhecê-Lo, é reconhecer, aceitar e nos decidirmos pela busca do autoconhecimento como o modo de conhecer Deus. É reconhecer também que não existem outras metas a que possamos dar valor. É também reconhecer que, uma vez estabelecida e aceita, esta meta nos oferece tudo aquilo de que precisamos. Pois é ela que nos permite compreender e aceitar que ainda somos como Deus nos criou e que estamos no Céu, de onde nunca saímos.

Por fim, repetindo o que disse também no ano passado, é sempre bom nos lembrarmos de que, como já citei antes, de acordo com O Livro de Mirdad:



Deus não vos dotou de nenhuma fração de Si - pois Ele é indivisível; mas de toda a sua divindade, indivisível, impronunciável, Ele vos dotou a vós todos. A que maior herança podeis aspirar? E quem ou o que vos impede de vos apossardes dela senão a vossa própria timidez e cegueira?

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Todas as escolhas já estão feitas em Deus!


LIÇÃO 286

O silêncio do Céu preenche meu coração hoje.

1. Pai, quão sereno é este dia! Com que tranquilidade todas as coisas encontram seu lugar. Este é o dia escolhido como o momento em que venho a compreender a lição de que não há necessidade de que eu faça nada. Todas as escolhas já estão feitas em Ti. Todos os conflitos já estão resolvidos em Ti. Em Ti, tudo o que espero achar já me foi dado. Tua paz é minha. Meu coração está em paz e minha mente descansa. Teu Amor é o Céu e Teu Amor é meu.

2. A serenidade deste dia vai nos dar a confiança de que achamos o caminho e de que já fomos longe nele em direção a uma meta inteiramente certa. Hoje não duvidaremos do final que o Próprio Deus nos assegura. Confiamos n'Ele e em nosso Ser, Que ainda é um com Ele.

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COMENTÁRIO:

Nesta quinta-feira, dia 13 de outubro, vamos praticar, dentre as ideias que o Curso oferece, uma que nos ensina a forma de permitir que o silêncio do Céu preencha nosso coração. Para aprendermos que, se fizermos a única escolha que nos cabe fazer, a única que queremos e podemos, de fato, fazer, poderemos viver o Céu, que é o Amor de Deus e saber que o Amor d'Ele é nosso. Do mesmo modo que a Vontade d'Ele é a nossa. É esta a escolha, a única que nos garante, sim, o livre arbítrio, pois ela é a escolha que estabelece apenas Deus como nossa meta. Ou alguém acha que depois de se escolher Deus haverá ainda mais alguma escolha a se fazer?


Talvez, baseados no sistema de pensamento do ego, ainda possamos nos perguntar, se "todas as escolhas já estão feitas" em Deus, o que é de fato o livre arbítrio? Se tivermos sido estudantes aplicados até certa medida, durante este ano de práticas, havemos de nos lembrar de algumas lições lá do início que tratam de nossa função neste mundo e da relação dela com o plano de Deus para a salvação. E, lembrando disto, vamos nos lembrar também daquela lição que diz que Só o plano de Deus para a salvação funcionará.

Ora, tudo o que pensamos a respeito do mundo, a respeito do que somos, a respeito do que Deus é e acerca de nosso relacionamento com o mundo, com nós mesmos e com Deus, é apenas uma interpretação que se baseia na percepção, que varia tanto quanto muda a direção para que voltamos nosso olhar, ou quanto mudam os objetos aos quais dirigimos nossa atenção, para repetir o que eu disse a respeito no ano passado. Quem está, então, de verdade, preocupado com o livre arbítrio? Quem se sente ameaçado com a informação de que "todas as escolhas já estão feitas"? É o Ser que somos na unidade com Deus? Ou será o ego, o falso eu, que treme de medo ante a possibilidade de que compreendamos a fragilidade de sua posição, ao descobrirmos que não temos necessidade dele?

Conforme já apontei aqui anteriormente, Jung disse que "livre arbítrio é a capacidade de fazer com alegria aquilo que eu devo fazer". Isto é o mesmo que dizer, de acordo com o ensinamento do Curso, que nós só podemos escolher na ilusão de que somos capazes fazer escolhas. Não somos! Nem precisamos fazê-las. Aliás, a se ouvir o que o Curso diz, não precisamos fazer nada. É o ego que quer nos levar a pensar que temos de escolher, que podemos escolher, e que podemos confiar em sua orientação. E, se pensarmos bem, sendo o mais honestos possível para com nós mesmos, vamos reconhecer que quase todas, se não todas, as vezes que escolhemos a partir da orientação do ego, os resultados foram desastrosos. No sentido de que quase nunca nos levaram à alegria ou à paz de espírito. Ao contrário, sempre nos afastaram delas, fazendo-nos mergulhar no medo, na dor, na culpa e no sofrimento.

Pratiquemos, pois, aceitar que todas as nossas escolhas só podem ser feitas em Deus.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

A santidade é uma responsabilidade de todos nós


LIÇÃO 285

Hoje minha santidade brilha luminosa e pura.

1. Desperto com alegria hoje, esperando que apenas as coisas benditas de Deus venham a mim. Peço que só elas venham, e percebo claramente que meu convite será aceito pelos pensamentos ao quais ele foi enviado por mim. E pedirei somente coisas alegres no momento em que aceitar minha santidade. Pois qual seria a utilidade da dor para mim, a que propósito serviria meu sofrimento e de que forma a tristeza e a perda me beneficiariam, se hoje a insanidade se afastar de mim e eu aceitar minha santidade em lugar dela?

2. Pai, minha santidade é Tua. Que eu me alegre nela e seja devolvido à sanidade por seu intermédio. Teu Filho ainda é tal como Tu o criaste. Minha santidade é parte de mim e parte de Ti também. E o que pode mudar a Própria Santidade?

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COMENTÁRIO:

Nesta quarta-feira, dia 12 de outubro, vamos ter mais uma vez a oportunidade de praticar uma ideia que pode nos fazer redescobrir, na santidade, nosso estado natural. Isto é, conforme o Curso afirma a condição natural do Filho de Deus é a alegria perfeita, a completa inocência e a pureza absoluta. Não importa o que nós nos pensamos capazes de fazer para macular qualquer uma destas características, é só na ilusão que pensamos poder fazê-lo. E, mesmo que o façamos nos sonhos que pensamos ser a vida que vivemos, nada do que fizermos vai alterar ou modificar o que Deus criou a Sua imagem e semelhança eterno.


Valendo-me mais uma vez do livro Normose, de Pierre Weil, Jean-Yves Leloup e Roberto Crema, apresento-lhes, como já fiz antes algumas vezes, uma definição de santidade, uma definição do que é ser santo,  bem diferente daquela à qual fomos e ainda estamos acostumados a aceitar. O que aprendemos como característica da santidade nos ensina a pensar no santo como um ser divinamente perfeito com auréola e, quem sabe?, asas que lhe permitam até flutuar acima dos "mortais" comuns como nós. E, se não asas, uma capacidade particular para desafiar a lei da gravidade, entre outras.

Para Roberto Crema, como vocês verão em seguida, o conceito de santidade está alinhado ao que nos ensina o Curso, que é, em meu modo de ver, a mesma santidade à qual Jesus se referia quando disse: "Sede santos, assim como vosso Pai no Céu é santo." A santidade é nosso estado natural em Deus. Vejam, então, o que diz Crema:

"... a santidade [sinônimo de plenitude] não é um privilégio de poucos; é uma responsabilidade de todos nós. Ser santo é ser inteiro, é ser simples, é ser transparente. É ser tudo aquilo que realmente somos. É uma conquista do processo de individuação, da travessia das sombras rumo ao ser, processo que jamais termina e que começa com o primeiro passo neste labirinto de nós mesmos."

É por isso que, diferentemente do que costumamos pensar, santidade não tem nada a ver com "carolice" e nem tem de ser motivo de zombaria, como já disse aqui, nem sofrer a pressão da sociedade [do ego] que faz força para o indivíduo [dito "santo" ou "santinho" em tom de pouco caso ou ironia] contrariar a si mesmo e àquilo em que acredita, fazendo alguma coisa da qual ele tem consciência de que os resultados só vão afastá-lo da alegria, tirar-lhe a paz de espírito e separá-lo do amor, mergulhando-o no medo.

Ser santo, em síntese, é apenas aceitar que somos o que somos. E que ainda somos como Deus nos criou, não nos deixando iludir ou enganar por quaisquer características que o falso eu nos queira atribuir para nos convencer de que estamos ou podemos estar separados de Deus, de nossa Fonte. Não faz parte da sabedoria comum dizer que é pelos frutos que se conhece a árvore? Ora, se fomos criados à imagem e semelhança de Deus, como acreditar que podemos ser diferentes d'Ele de alguma forma? 

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Mais uma vez a reafirmação do livre arbítrio


LIÇÃO 284

Posso escolher mudar todos os pensamentos que ferem.

1. A perda não é perda quando percebida de forma correta. A dor é impossível. Não há absolutamente nenhuma aflição que tenha algum motivo. E qualquer tipo de sofrimento não é nada a não ser um sonho. Esta é a verdade, primeiro para ser dita apenas e, em seguida, repetida muitas vezes; e depois para ser aceita apenas como parcialmente verdadeira, com muitas reservas. Para, mais tarde, ser refletida mais e mais seriamente e para ser, finalmente, aceita como a verdade. Eu posso escolher mudar todos os pensamentos que ferem. E quero ir além destas palavras hoje, e além de todas as reservas, para chegar à aceitação plena da verdade nelas.

2. Pai, aquilo que Tu dás não pode ferir, por isso tristeza e dor têm de ser impossíveis. Permite que eu não deixe de confiar em Ti hoje,aceitando apenas o que é alegre como Tuas dádivas, aceitando apenas o que é alegre como a verdade.

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COMENTÁRIO:


Vou começar o comentário a esta lição, nesta terça, dia 11 de outubro, aliás, antes de começá-lo, quero lhes recomendar a leitura do livro Um guia para o perdão, escrito pelas estudantes Maria Amélia Rodas de Carvalho, Eliane Ferreira de Oliveira e Edilene Gasparini Fernandes, do Grupo Mera, que oferece workshops e trabalha já há algum tempo com o UCEM, alinhado a Kenneth Wapnick e sua organização para divulgação dos ensinamentos do Curso. Recomendo também a leitura de O Universo é um Sonho, de Alexander Marchand, uma espécie de mangá, baseado nos ensinamentos do UCEM, cuja tradução e publicação no Brasil também se deve ao Grupo Mera. Ambos os livros já podem ser encontrados, a partir desta semana, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional. Além, é claro, de poderem ser pedidos diretamente no site: www.grupomera.com.br.


Dito isto, falemos um pouco da ideia que o Curso nos oferece para as práticas de hoje. Uma ideia que, como eu disse no ano passado, reafirma a liberdade que temos para escolher a forma pela qual queremos conduzir nossa vida e as experiências que vão se apresentar a ela. Isto é, uma reafirmação de nosso livre arbítrio.

Sempre podemos, conforme nos ensina o Curso, escolher considerar neutras todas as pessoas, coisas e situações do mundo, bem como o próprio mundo, o que é verdade, ou podemos escolher atribuir diferentes rótulos a cada pessoa, coisa ou situação que se nos apresente, a partir do valor que queremos lhes dar, considerando cada pessoa, coisa ou situação como algo separado, dissociado de nossa própria experiência. Vendo pessoas, coisas e situações apenas como externas a nós e não como reflexos de nossas escolhas, nem como instrumentos que se destinam a nos mostrar aspectos de nós mesmos de que não tínhamos consciência, até então.

É muito importante ressaltar ainda que o Curso nos convida a refletir a respeito da ideia para nossas práticas de forma bem específica, aconselhando-nos primeiro a apenas dizer a ideia, isto é, a pronunciá-la em silêncio, ou em voz alta, para nós mesmos, para só então nos convidar a repetí-la vezes sem conta para aceitá-la como parcialmente verdadeira, ainda que com muitas reservas. Só mais tarde, depois de muita reflexão, e séria, é que vamos poder aceitá-la como verdadeira. E, passo seguinte, aprender a aceitá-la sem reservas. Isto é, viver a partir dela.

É claro que, como já disse antes, precisamos avaliar o que sentimos a partir destas práticas.  E, se formos muito, mas muito de verdade, honestos para com nós mesmos, lembrando-nos de situações por que passamos anteriormente, dor, sofrimento, pesar, aflição, angústia - que já passaram -, vamos poder acessar em nossa consciência aquele momento em que tomamos a decisão de encerrar uma ou mais dessas situações. E vamos aprender aí, então, que foi, de fato, nossa decisão de pôr um fim a ela, ou elas, que permitiu que ela, ou elas, deixasse(m) de existir e que nos permitiu seguir em frente.

O resultado deste processo será, necessariamente, por fim, a escolha de irmos além das palavras e além de todas as reservas para chegarmos à aceitação plena da verdade da ideia que praticamos hoje. A menos que nos furtemos de tomar a decisão.

Às práticas, pois.