domingo, 30 de setembro de 2012

"O que é a Verdade, se tal coisa existe"?


LIÇÃO 274

Este dia pertence ao amor. Que eu não tenha medo.

1. Pai, hoje quero deixar que todas as coisas sejam tais como Tu as criaste e oferecer a Teu Filho o respeito devido a sua inocência; o amor do irmão a seu irmão e Amigo. Por meio disso sou redimido. Também por meio disso a verdade penetrará no lugar aonde as ilusões estavam, a luz substituirá toda a escuridão e Teu Filho saberá que é como Tu o criaste.

2. Hoje chega a nós uma bênção especial d'Aquele Que é nosso Pai. Dá este dia a Ele e não haverá nenhum medo hoje, porque o dia é dado ao amor.

*

COMENTÁRIO:

A ideia que o Curso oferece para as práticas deste domingo, dia 1º de outubro, nos convida a dedicarmos, mais uma vez, um dia inteiro ao amor, que vai nos fazer abandonar e esquecer por completo quaisquer medos. É possível existir coisa melhor a se fazer? Mas, pergunto-lhes mais uma vez, será que somos capazes de dedicar um só dia dos nossos que seja inteiramente ao amor? Quem sabe? Como eu disse antes, se nos decidirmos a ficar atentos, é possível. Se nos decidirmos a estar presentes a tudo o que nos acontecer neste dia, é possível.

Quem sabe será possível? Se nos dedicarmos, de fato, durante o dia todo à busca do autoconhecimento, deixando de lado tudo o que nos oferece o mundo das ilusões, a partir de nossa sintonia com o sistema de pensamento do falso eu, talvez seja possível. 

Repetindo uma vez mais o que diz Krishnamurti a respeito do autoconhecimento: "autoconhecimento não significa acumular conhecimentos sobre si próprio; significa observar a si próprio. Se aprendo acumulando conhecimentos, nada aprendo a respeito de mim mesmo". Aprendo apenas a respeito do conhecimento que o mundo que vejo, continuo a encher minhas reservas de informações velhas em lugar de esvaziar a mente para que o novo possa entrar. Lembremo-nos da necessidade de esvaziar a xícara antes de servir um chá novo.

Ele diz ainda que devemos "recusar, não apenas verbal, intelectual ou teoricamente, mas negar realmente tudo o que o homem" diz. Cabe a cada um de nós descobrir, por si próprio, o que é a Verdade. Porque não é possível obtermos a Verdade de outrem. E a Verdade também não está fixada em um ponto particular.

Lembremo-nos novamente do comentário anterior a esta lição. Krishnamurti vai ainda além, dizendo que nos cumpre ser sérios para rejeitar toda espécie de propaganda - e toda religião institucionalizada é uma contínua propaganda -, a fim de que possamos descobrir por nós mesmos "o que é a Verdade, se tal coisa existe". 

O que importa, ele diz ainda, é que compreendamos por nós mesmos e não pelo que dizem a nosso respeito psicólogos, filósofos, analistas, intelectuais, velhos mestres, mesmo os mais antigos e venerados, pois, fazendo isto, estaríamos apenas seguindo o que eles dizem a respeito de nós.

Interessante, pois, como já ressaltei outras vezes antes também, é notar que o próprio Curso, em uma de suas lições iniciais, nos convida a abandonarmos tudo, inclusive ao próprio Curso, e a irmos, de coração e mente abertos, na direção do mais profundo de nós mesmos. Pois é só lá, diz ele, que podemos verdadeiramente encontrar o que buscamos. E que é, na verdade, o que já somos.

Entreguemo-nos, então, às práticas, entregando este dia ao amor, que é o que somos para descobrir que "não há nada a temer", como nos ensina uma das lições da primeira parte do livro de exercícios.

sábado, 29 de setembro de 2012

Só o silêncio oferece a "serenidade da paz de Deus"


LIÇÃO 273

A serenidade da paz de Deus é minha.

1. Agora talvez estejamos prontos para um dia de tranquilidade imperturbável. Se isso ainda não for possível, ficamos contentes e até mesmo mais do que satisfeitos em aprender de que modo se pode alcançar um dia assim. Se dermos espaço para um incômodo, vamos aprender como desfazê-lo e voltar à paz. Precisamos apenas dizer a nossas mentes com convicção: "A serenidade da paz de Deus é minha." e nada pode penetrar na paz que o Próprio Deus dá a Seu Filho.

2. Pai, Tua paz é minha. Que necessidade eu tenho de temer que qualquer coisa possa roubar de mim aquilo que Tu queres que eu conserve? Eu não posso perder Tuas dádivas para mim. E, por isso, a paz que Tu deste a Teu Filho ainda está comigo, no silênico e no meu amor eterno por Ti.

*

COMENTÁRIO:

Neste sábado,dia 29 de setembro, a ideia que praticamos oferece a oportunidade de vivermos um dia inteiro na paz de Deus. Ela nos dá os meios para descansarmos em Deus, longe de toda a turbulência e dos ruídos do mundo, em que aparentemente vivemos.


Repetindo o que eu disse no ano passado, lembremo-nos de Thomas Keating, quando ele diz que "o silêncio é a primeira linguagem de Deus". É só no silêncio que podemos experimentar a serenidade da paz de Deus. Em outras palavras, é só quando deixamos de dar qualquer atenção ao que nos sussurra aos ouvidos o falso eu, por saber que tudo o que ele diz só nos faz mergulhar mais fundo na ilusão, que vamos ser capazes de dar espaço para a Voz por Deus em nossas vidas.

Aproveitando, mais uma vez, partes dos comentários anteriores, vale lembrar que na jornada que empreendemos em conjunto, a partir das práticas diárias, "o desafio [que enfrentamos] é estritamente interno. O convite [que nos faz a prática] é para que nos elevemos acima de nossa mediocridade, para abdicarmos do hábito de dar desculpas por nossa própria preguiça, para pararmos de nos desculpar por sermos quem somos, e para pararmos de culpar os outros ou nossa infância por aquilo que nos tornamos".

Ainda de acordo com Thomas Keating, "quando nos comprometemos com a jornada espiritual, a primeira coisa que o Espírito faz é começar a remover o lixo emocional de dentro de nós". É por isso que, muitas vezes, temos dúvidas a respeito do progresso que fazemos, ou pomos em dúvida a eficácia das práticas, quando parece que não estamos indo a lugar nenhum. Ou mesmo que a pressão que enfrentávamos anteriormente aumentou, em lugar de diminuir. 


Isso não é verdade. O que acontece é que, ao deixarmos de dar ouvidos ao falso eu por alguns instantes todos os dias, ele passa a sentir ameaçado e busca voltar ao controle, solicitando que voltemos a nos identificar com ele. Para tanto, ele se vale de tudo o que estiver ao seu alcance na ilusão do mundo. Porém, quanto mais profundo for o silêncio interior que buscamos alcançar, tanto mais profundamente Deus vai trabalhar em nós. Mesmo sem o nosso conhecimento consciente. É isto que vai permitir que nos rendamos ao mistério último de Deus como Ele é, não como pensamos que Ele é, ou como alguém nos disse que Ele é, mas como Ele é em Si Mesmo. E em nós mesmos.

Lembremo-nos, pois, mais uma vez, de que é praticando deste modo que seremos capazes de alcançar a "serenidade da paz de Deus".

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

O mundo é só um véu que encobre a verdade


LIÇÃO 272

Como ilusões podem satisfazer o Filho de Deus?

1. Pai, a verdade me pertence. Meu lar está localizado no Céu por Tua Vontade e pela minha. Sonhos podem me satisfazer? Ilusões podem me trazer felicidade? O que, a não ser ser a lembrança de Ti, pode satisfazer Teu Filho? Não aceitarei nada menos do que Tu me dás. Estou cercado por Teu Amor, sempre tranquilo, sempre bondoso e sempre seguro. O Filho de Deus tem de ser como Tu o criaste.

2. Hoje vamos ignorar as ilusões. E, se ouvirmos a tentação nos chamar para ficarmos e nos demorarmos em um sonho, nós nos desviaremos e nos perguntaremos se nós, os Filhos de Deus, que podemos escolher o Céu tão facilmente quanto o inferno, poderíamos ficar satisfeitos com sonhos, e o amor substituirá todo o medo com alegria.

*

COMENTÁRIO:

Precisamos, conforme já vimos muitas vezes ao longo das práticas nestes anos todos, aprender e fixar em nós mesmos a ideia de que tudo o que o mundo pode nos oferecer são apenas ilusões. Não há nada que, de fato, queiramos no mundo, uma vez que nada daquilo que aparentemente existe no mundo vai durar até a eternidade. Pois, de acordo com o que já aprendemos, o mundo em si mesmo não tem nenhum valor. Lembram-se do texto O amigo indicado, do capítulo 26 que lhes ofereci dia destes?

O mundo é apenas um véu que encobre a verdade e não permite ver a realidade, enquanto olharmos para ele com os olhos do corpo apenas, que também é parte deste véu. Neste período, o tema que unifica nossas práticas ensina o que é o Cristo. É a visão d'Ele que vai nos permitir ignorar o mundo, as coisas do mundo, as ilusões todas, para vermos, além delas, o Céu, nosso verdadeiro lar.

A ideia que praticamos nesta sexta-feira, dia 28 de setembro, como eu já havia dito em comentários anteriores, é um instrumento precioso para aprendermos a questionar nossos desejos. A partir dela podemos avaliar o quanto estamos apegados às ilusões. A partir dela podemos voltar nosso olhar para dentro de nós mesmos e decidir olhar para o mundo de modo diferente.

Às práticas, pois não?

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

O que somos? Qual é nossa função neste mundo?



6. O que é o Cristo?


1. Cristo é o Filho de Deus tal qual Ele O criou. Ele é o Ser que compartilhamos, que nos une uns aos outros e também a Deus. Ele é o Pensamento que ainda mora no interior da Mente que é Sua Fonte. Ele não abandona Seu lar santo, nem perde a inocência na qual Ele foi criado. Ele habita na Mente de Deus.

2. Cristo é o elo que te mantém um com Deus e garante que a separação não é mais do que uma ilusão do desespero, pois a esperança habitará n'Ele para sempre. Tua mente é parte da d'Ele e a d'Ele é parte da tua. Ele é a parte aonde a Resposta de Deus está, aonde todas as decisões já foram tomadas e na qual os sonhos acabaram. Ele permanece intocado por qualquer coisa que os olhos do corpo percebem. Pois embora Seu Pai tenha depositado n'Ele o meio para tua salvação, ainda assim Ele continua sendo o Ser Que, tal qual Seu Pai, não conhece nenhum pecado.

3. Lar do Espírito Santo e à vontade em Deus apenas, Cristo, de fato, continua em paz no interior de tua mente santa. Na verdade, esta é a única parte de ti que é real. O resto são sonhos. Esses sonhos, porém, também serão entregues a Cristo, para se desvanecerem diante de Sua glória e te revelarem, por fim teu Ser santo, o Cristo.

4. O Espírito Santo, a partir do Cristo em ti, alcança todos os teus sonhos e lhes ordena que venham a Ele, para serem traduzidos em verdade. Ele os trocará pelo sonho final que Deus designou como o fim dos sonhos. Além do mais, quando o perdão descansar sobre o mundo e a paz chegar a todo Filho de Deus, o que poderia haver para manter as coisas separadas, pois o que resta ver exceto a face de Cristo?

5. E por quanto tempo essa face será vista, se ela é apenas o símbolo de que nesse momento acabou o tempo para o aprendizado de que alcançou-se, enfim, a meta da Expiação? Busquemos, por isto, então, achar a face de Cristo e não olhar para mais nada. Quando virmos Sua glória saberemos que não temos nenhuma necessidade de aprendizado ou de percepção ou de tempo, nem de não a não ser do Ser santo, o Cristo a Quem Deus criou como Seu Filho.

*

LIÇÃO 271

É a visão de Cristo que usarei hoje.

1. Todo dia, toda hora, todo instante escolho o que quero ver, os sons que quero ouvir, as evidências daquilo que quero que seja a verdade para mim. Hoje escolho ver aquilo que Cristo quer que eu veja, escutar a Voz de Deus e buscar provas para aquilo que é verdadeiro na criação de Deus. Na visão de Cristo, o mundo e a criação de Deus combinam e, quando eles se reúnem, toda a percepção desaparece. Sua visão generosa redime o mundo da morte, pois nada do que Ele olha não deve senão viver, lembrando o Pai e o Filho; Criador e criação unificados.

2. Pai, a visão de Cristo é o caminho para Ti. O que Ele vê solicita que Tua lembrança me seja devolvida. E escolho isso para ser o que quero ver hoje.

*

COMENTÁRIO:

Nesta quinta-feira, dia 27 de setembro, chegamos à sexta das instruções que o Curso oferece para as práticas das lições desta segunda parte do livro de exercícios. Ela se refere a um tema de especial importância para o aprendizado que buscamos com as lições diárias, repetindo o que eu disse no ano passado. 

Como eu já disse antes também, ela, assim como o Curso todo, se refere ao aprendizado acerca de nós mesmos, do que somos, na verdade, e do que é nossa função neste mundo. Esta sexta instrução, O que é o Cristo?, deve nos guiar, ou orientar nossas práticas ao longo dos próximos dez dias. E, se vocês estiverem bem lembrados, é importante seguir a orientação do Curso, que pede para voltamos nosso olhar para ela diariamente antes das práticas da ideia para o dia.

Hoje, praticamos olhar para o mundo, e para todas as pessoas e coisas animadas ou inanimadas do mundo, utilizando a visão de Cristo, olhando para tudo com os olhos do Ser, do divino, em nós, ignorando o que nos mostra a percepção dada pelos sentidos do corpo. Isto não deve nem ser muito difícil, se mantivermos em mente o que nos diz a instrução acerca do que é o Cristo, que O revela a nós, para que O encontremos em nós mesmos, uma vez que Ele é a única parte verdadeira de nós mesmos, sendo todo o resto apenas ilusão, sonho.

Voltar ao comentário que lhes ofereci para a lição da última terça-feira também pode ajudar a perceber isto de forma mais clara, se lembrarmos que o texto lá dizia existir em nossa aparente dualidade "o pensamento dentro do pensamento, o desejo dentro do desejo", que estão sempre na raiz de todas as nossas impressões passageiras e humores momentâneos. Isto é, quando alguma coisa que desejamos ou pensamos querer, a partir da consciência do falso eu, não vem a nós é porque, inconscientemente, deixamos que o Cristo em nós, o Ser verdadeiro, tomasse a decisão, uma vez que bem no fundo de nós mesmos sempre sabemos, mesmo que de forma não consciente [é o divino em nós que sabe], o que é melhor para nós.

É por isto que, naquele comentário, emprestado do texto de um livro que li recentemente, aprendemos que, ao aceitarmos, mesmo que inconscientemente a sugestão do "pensamento dentro do pensamento", do "desejo dentro do desejo", estamos, de fato nos unindo à vontade de Deus, que é nossa própria vontade. E é por isto que aquele texto aconselha a prestarmos uma atenção cada vez maior aos sussurros desta voz interior, desta voz do espírito. E nos lembra de que cada um de nós está exatamente onde está apenas para fazer cumprir a Vontade Deus, que é a mesma nossa.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

O que precisamos mudar é apenas nossa percepção


LIÇÃO 270

Não usarei os olhos do corpo hoje.

1. Pai, a visão de Cristo é Tua dádiva para mim e ela tem o poder de traduzir tudo aquilo que os olhos do corpo veem na visão de um mundo perdoado. Quão sublime e generoso é este mundo! Porém, quão mais do que a visão pode mostrar perceberei nele. O mundo perdoado significa que Teu Filho reconhece Seu Pai, permite que seus sonhos sejam trazidos à verdade e espera ansioso aquele único instante a mais que falta do tempo que acaba para sempre, quando Tua lembrança volta a ele. E, nesse momento, a vontade dele fica uma só com a Tua. A função dele, então, é apenas Tua Própria Função e todo pensamento, exceto Teu Próprio Pensamento, desaparece.

2. A paz de hoje abençoará nossos corações e a partir deles a paz virá para todos. Cristo é nossos olhos hoje. E com a visão d'Ele oferecemos a cura ao mundo por intermédio d'Ele, o Filho santo a quem Deus criou perfeito; o Filho santo a quem Deus criou uno.

*

COMENTÁRIO:

Nesta quarta-feira, dia 26 de setembro, a ideia que vamos praticar vai permitir que usemos - ou aprendamos a usar - a visão de Cristo para olhar para o mundo e perceber que invariavelmente  "... quando pessoas de mente decidida e coração bondoso acreditam apaixonadamente em alguma coisa, de um modo que ilumina suas vidas, parece que Deus sorri através delas".*

Abrir mão da visão que os olhos do corpo nos apresenta em favor da visão de Cristo pode - e vai, mais dia, menos dia - nos fazer entender que "... Deus não é a causa dos males nem das alegrias da vida. O importante é saber que, independentemente dos acontecimentos, Ele está sempre conosco e só deseja que voltemos ao Seu seio" [de onde, aliás, nunca saímos].*

Esta visão pode e vai nos levar a atingir a meta proposta para esta segunda parte do livro de exercícios, qual seja, a que nos dá a possibilidade de chegarmos à percepção verdadeira, aquela que só podemos alcançar com a ajuda do Espírito Santo. Aquela percepção que nos revela a necessidade de que estejamos sempre prontos e abertos "para receber o amor de Deus na forma que Ele vier".* 

Um parêntese: Esta, aliás, é uma das grandes lições que aprendi, conforme já lhes disse antes, de um amigo muito querido há muitos anos. Isto é, é necessário que estejamos sempre preparados para o inesperado. Já imaginaram como seria sem graça um mundo aonde soubéssemos com antecedência tudo o que vai acontecer?]

E isto - estar pronto e aberto "para receber o amor de Deus na forma que Ele vier" - é bastante possível, se não cedermos às falsas promessas de controle e poder do falso eu [o ego] sobre o mundo e não nos rendermos à oferta enganosa que ele faz de nos dar o mundo inteiro, sem revelar que o preço que ele cobra por isso é nossa alma.

Na verdade, com esta, assim como com todas as lições, tudo o que o Curso quer nos ensinar, e ensina, vezes e vezes repetidas, é que tudo o que precisamos mudar é tão-somente nossa percepção. Uma vez que ela não pode nos oferecer a verdade, por estar sempre contaminada pelas interpretações que fazemos dos fatos e das coisas que vemos a partir do que já experimentamos no passado.

É por isso que é útil pensar, por exemplo, "quando você sente [uma] dor física ou quando conflitos psicológicos o(a) atormentam, que Deus está lhe dando um abraço um pouco mais apertado. Provações são uma expressão de Seu amor, não de rejeição"**. Porque, se você estiver bem lembrado(a), cada um de nós é livre para escolher aquilo que deseja e precisa viver ou experimentar. E porque Deus só diz sim a tudo o que você escolhe.

Busquemos, pois, com as práticas da ideia de hoje alcançar a bênção da paz para nossos corações e mentes, para, de fato. sermos capazes de, a partir da cura de nossa percepção, oferecer a cura ao mundo.

* Citações extraídas do livro Apocalipse 2012, de Lawrence E. Joseph. 

** Citação de Thomas Keating, em Mente aberta coração aberto.

OBSERVAÇÃO: Este comentário é quase que uma repetição literal do comentário feito no ano passado para esta mesma lição.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Buscando entender o que é a Vontade de Deus


LIÇÃO 269

Minha visão vai além para ver a face de Cristo.

1. Peço Tua bênção sobre minha visão hoje. Ela é o intrumento que Tu escolheste para vir a ser o modo de me mostrar meus erros e de olhar para além deles. Cabe a mim encontrar uma nova percepção a partir do Guia que Tu me deste e, a partir das lições d'Ele, ultrapassar a percepção e voltar à verdade. Peço a ilusão que transcende todas as que inventei. Hoje escolho ver um mundo perdoado, no qual todos me mostram a face de Cristo e me ensinam que aquilo para que olho me pertence, que não existe nada a não ser Teu Filho santo.

2. Hoje, de fato, nossa visão é abençoada. Compartilhamos uma só visão, quando olhamos para a face d'Aquele Cujo Ser é o nosso. Somos um por causa d'Ele Que é o Filho de Deus, d'Ele Que é nossa própria Identidade.

*

COMENTÁRIO:

Acho que vale a pena repetir mais uma vez o comentário feito anteriormente para esta lição. É uma forma de estender e ampliar o alcance da reflexão da ideia para as práticas desta terça-feira, dia 25 de setembro. Assim, como o fiz em anos passados, em lugar de um comentário feito por mim, vou dividir de novo com vocês um pequeno capítulo do livro "Christ in You" [Cristo em ti] de que já falei outras vezes. 

Como já disse antes também, cada um dos capítulos do livro é uma lição. Esta em particular, acredito, pode ser de grande auxílio para o aprendizado da mudança de percepção. Ela trata dos processos que os pensamentos desencadeiam, o que nos permite aprender que é precisamos prestar mais atenção a eles ["Orai e vigiai."], se de fato quisermos aprender a olhar e a ver em todos a face de Cristo.

A lição/capítulo se intitula A vontade de Deus e diz o seguinte:

"Quanto tempo demora para entendermos a vontade de Deus!

Com frequência usas a expressão: "eu me decidi". Esta expressão tem um significado muito forte, se parares para refletir a respeito dela, pois naquele processo mesmo começas a trazer para a manifestação o desejo da mente. Desta forma dizes: "Percebo uma condição errada em minha mente, em minha mentalidade, em minhas circunstâncias; vou me decidir que isto desapareça". Mentalmente pões em movimento as forças visíveis e invisíveis do universo para realizar tua vontade.

"Vês, é impossível viver de forma desatenta ou leviana no plano espiritual e estas lições seriam inúteis para qualquer um que não tenha despertado para a verdadeira consciência espiritual, a consciência da humanidade divina, o Eu Sou. De que forma a vontade de Deus pode se exprimir a não ser pela vida, pela humanidade nos corações e mentes de seres que existem n'Ele Mesmo? Sabe, portanto, que a vontade de Deus opera em ti mesmo.

"Como é, então, que as coisas que queremos e desejamos não vêm a nós, podes perguntar.

"Porque no mais fundo em todos os teus desejos, pensamentos e propósitos existe, por assim dizer, uma propensão oculta, o pensamento dentro do pensamento, o desejo dentro do desejo, e aquilo que tu mais desejas verdadeiramente está sempre na raiz de todas as tuas impressões passageiras e humores do momento. Não sentes muitas vezes que a própria coisa que desejas não é para teu bem permanente? Bem, essa mesma ideia vaga, essa leve sugestão, é do teu Ser que está fazendo tua vida. Dentro de ti mesmo, tu conheces a verdadeira qualidade, as experiências verdadeiras melhor indicadas para teu bem mais elevado. Quando fazes uso integral desta sugestão sutil por detrás de todo o teu sistema de pensamento, tu estás em unidade com a vontade de Deus, que é tua própria vontade. Esta é a voz do espírito, presta atenção a seus sussurros. Não peques contra o Espírito Santo*, ou perderás teus olhos e teus ouvidos e te tornarás cego e surdo*.

No plano dos sentidos isto é mais desastroso, porque tu estás exatamente aonde estás para cumprir a vontade de Deus. Ela é tua comida e bebida. Esta voz interior é tão delicada e tão sutil que tens de permanecer bem tranquilo e humilde, se quiseres ouví-la. Deixa que Jesus fale contigo mais e mais, lê os Evangelhos até seres guiado mais e mais na direção de eliminar o véu que te esconde de teu Ser verdadeiro. Eu só respondi a tua pergunta, mas espero falar contigo de novo a respeito deste assunto.

Paz, Graça Celestial. Deus vive em ti, Ele é tua vida."

*NOTA: Uma observação apenas em relação a esta frase. Este texto foi publicado pela primeira vez em 1910. Em meu modo de ver, de acordo com o ensinamento do UCEM, "pecar contra o Espírito Santo" significa apenas o que fazemos diariamente ao não dar ouvidos a esta voz interior em nós mesmos, o que traz como resultado toda a insatisfação que vemos no mundo, a partir de nossa própria insatisfação, por estarmos a maior parte do tempo em transe, isto é, cegos e surdos.


segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Abrir mão de quaisquer tentativas de controle


LIÇÃO 268

Que todas as coisas sejam exatamente como são.

1. Que eu não seja Teu crítico hoje, Senhor, e julgue contra Tí*. Que eu não tente me intrometer em Tua criação para distorcê-la em formas doentias. Que eu me disponha a retirar meus desejos de sua unidade e a permitir, deste modo, que ela seja tal qual Tu a criaste. Pois assim serei capaz de reconhecer meu Ser da forma que Tu me criaste. Fui criado no amor e permanecerei para sempre no amor. O que pode me assustar, se eu permitir que todas as coisas sejam exatamente como são?

2. Que nossa visão não seja blasfema hoje e que nossos ouvidos também não deem atenção a línguas mentirosas. Só a realidade está livre da dor. Só a realidade está livre da perda. Só a realidade é totalmente segura. E é só isto que buscamos hoje.

*Nota da tradução: No original esta primeira frase diz: Let me not be Your critic, Lord, today, and judge against You. Na tradução de Lillian Paes a frase ficou assim:Senhor, que eu não seja o Teu crítico, hoje, e nem julgue contra Ti. Apesar de não haver especificamente um elemento indicador do que a levou a incluir a partícula "nem" em sua tradução, pode-se pensar que a inferência foi um elemento oculto que deveria/poderia aparecer subentendido após a terceira vírgula do original, que deixaria a frase com a seguinte forma: Let me not be Your critic, Lord, today, and [let me not] judge against You. Em meu modo de ver, minha tradução abole este elemento subentendido sem prejudicar o entendimento do sentido da frase original, porque se eu me colocar na condição de crítico do Senhor, é forçoso que eu julgue contra Ele, que é o que não quero fazer, de acordo com a primeira parte da frase. Ora, se na primeira parte da oração eu peço para não ser crítico, o fato de a segunda obedecer à lógica que resultaria do fato de eu ser um crítico, que seria julgar contra o Senhor, não impede o leitor de perceber que, apesar de a frase dizer "e julgue contra Ti", no final o sentido é o de que da mesma forma que não quero ser crítico, não quero julgar. Alguém quer fazer alguma observação a respeito?

*

COMENTÁRIO:

Desculpem-me pelo atraso na postagem da lição desta segunda-feira, dia 24 de setembro. Acho que houve algum problema com os textos programados durante o final de semana, por isso estou repetindo o comentário feito nos dois últimos anos, com pequenas modificações apenas, para adequá-lo ao dia de hoje. Aí vai, então: 

Eu disse, nos dois últimos anos, que a ideia que praticamos hoje traz consigo de forma bem clara a fórmula para se viver neste mundo, sem dor, sem perda, em segurança e em paz e com alegria. E qual é esta fórmula? Simplesmente abrir mão de qualquer desejo de exercer algum controle sobre as coisas, sobre quaisquer coisas.

Voltando, então, a uma lição anterior, da primeira parte do livro de exercícios, vamos perceber lá que ela já nos ensinava a dar tal passo: Libero o mundo de tudo o que pensava que ele fosse [Lição 132]. Aprendemos?

Enquanto, escorados na pretensa força e no pretenso conhecimento do falso eu, o ego de que o Curso fala, com quem nos identificamos, acreditarmos que podemos, de algum modo, ter controle sobre qualquer coisa que não apenas sobre nossos próprios pensamentos vamos continuar a viver no auto-engano. Aliás, também é auto-engano acreditar, como o ego quer que pensemos, que não podemos controlar nossos pensamentos.

Se refletirmos bem, se meditarmos bem, se prestarmos bastante atenção e olharmos de forma amorosa e desprovida de julgamento ou preconceito para tudo o que vemos no mundo, há alguma coisa que acreditamos poder mudar e fazer melhor? 


Será que somos capazes de mudar qualquer coisa que não apenas nossa forma de olhar, para aprendermos, como quer o Curso, a olhar para tudo de forma diferente? Será que somos, ou nos julgamos poderosos a ponto de pensar: - Se eu fosse Deus, faria isso e aquilo de forma diferente? E de acreditar que seríamos capazes de fazer melhor do que Ele?

Quem assistiu ao filme "O Efeito Borboleta" [o primeiro] há de se lembrar de que qualquer mudança que o protagonista introduzia em uma experiência que ele julgava ser necessário mudar gerava um resultado que ele não podia sequer imaginar. Um resultado muitas vezes "pior" do que aquele da situação que ele tentava modificar.

Imagino que, com certeza, se estivermos atentos, despertos, isto se aplica a tudo na vida. Um exemplo pode ser o da pupa [a lagarta] presa no casulo aguardando o instante para rompê-lo e se transformar em uma linda borboleta. Se resolvêssemos ajudá-la, poupar-lhe o esforço aparentemente grande para um ser tão frágil e pequeno, qual seria o resultado? O que já sabemos. Poupá-la do esforço que cabe apenas a ela fazer só iria trazer ao mundo uma borboleta sem força suficiente nas asas para ser capaz de voar.

Há uma lição, a 21, entre outras, que também nos ensina o que fazer quando, por qualquer razão, não vemos só "a bondade da criação" em tudo o que vemos. Ela diz: Estou decidido a ver as coisas de modo diferente. Ou ainda a lição 28: Acima de tudo quero ver as coisas de modo diferente. Porque, na verdade, ainda não vemos, cegos por todos os preconceitos que atulham nossas cabeças.

Para o ensinamento do UCEM, mais do que olhar com os olhos do corpo e depositar sobre o objeto que nosso olhar capta o reflexo de nosso pensamentos passados a respeito dele,  ver é comungar, é alcançar a comunicação perfeita com o objeto visto, sem separação, alcançar a unidade com ele e com Deus, sendo também o objeto. Pois para Deus, ou para a ideia de Deus, todas as coisas são neutras e todas desempenham uma função igualmente importante para a realização de Seu plano para a salvação do mundo, o único que funcionará, para nos lembrarmos de outra das lições da primeira parte do livro.

Quando aprendermos a abrir mão de quaisquer tentativas de controlar qualquer coisa, entenderemos a orientação do divino em nós mesmos que nos diz: "Deixa que o espírito tome conta de tudo".

É isto que praticamos hoje.


domingo, 23 de setembro de 2012

Quem é dono de meu destino e comanda minh'alma?


LIÇÃO 267

Meu coração bate na paz de Deus.

1. Toda a vida que Deus criou em Seu Amor está a minha volta. Ela me chama em cada batida do coração e em cada respiração. A paz enche meu coração e inunda meu corpo com o propósito do perdão. Minha mente está curada agora e tudo o que preciso para salvar o mundo me é dado. Cada batida do coração me traz paz; cada respiração me infunde força. Eu sou um mensageiro de Deus, guiado por Sua Voz, animado por Ele no amor e mantido sereno e em paz para sempre em Seus Braços amorosos. Cada batida do coração chama Seu Nome e cada uma recebe a resposta de Sua Voz, que me assegura que n'Ele estou em casa.

2. Que eu ouça a Tua Resposta, não a minha. Pai, meu coração bate na paz que o Coração do Amor criou. É lá, e só lá, que posso estar em casa.

*

COMENTÁRIO:

Repetindo de cabo a rabo o comentário do ano passado, neste domingo, 23 de setembro, vamos relembrar o que eu já disse outras vezes a respeito desta jornada espiritual que fazemos juntos, cada um de seu jeito. Lembremo-nos, portanto, de que a descoberta de que existe apenas um lugar em que podemos desfrutar da paz e da alegria completas, expressões da Vontade de Deus para nós, envolve algum esforço inicial. E, também como já disse antes, envolve em primeiro lugar que nos conscientizemos de que cada um de nós tem de tomar a decisão de buscar viver a Vontade de Deus de paz e de alegria completas para nós de forma mais frequente e duradoura, mesmo aqui neste mundo.

Os que já se decidiram e estão atentos, hão de lembrar que a lição 253 diz ser impossível que alguma coisa se apresente a nossa experiência sem ter sido solicitada por nós mesmos. E mais: diz que [tudo] o que acontece, em qualquer circunstância, é [sempre] o que queremos que aconteça. E, ainda mais, que o que não acontece deixa de acontecer porque não queremos que aconteça. Ela afirma de modo categórico que "mesmo neste mundo" de ilusões e aparências somos nós - cada um de nós a sua própria maneira - que governamos nosso destino.

Lembram-se do filme Invictus? Quem já o assistiu há de se lembrar de Mandela dizendo ao capitão da equipe de rugby da África do Sul que o que o manteve sempre firme, confiante e o ajudou a suportar os longos vinte e seis anos em que esteve preso foi o poema de William E. Henley*, que, aliás, empresta o título ao filme.

Uma lição mais antiga diz que não somos vítimas do mundo que vemos. O que isso quer dizer? Exatamente a mesma coisa que diz a lição 253 com outras palavras. Isto é, nós mesmos escolhemos tudo aquilo que vamos viver, tudo aquilo que queremos experimentar. Somos cem por cento responsáveis por tudo o que nos acontece. E não só a nós mesmos, mas ao mundo inteiro. Porque o mundo só existe como representação dos desejos e pensamentos que trazemos no interior de nós mesmos. É por isso que o mundo é diferente para cada um de nós.

A ideia que praticamos hoje nos oferece mais uma vez a oportunidade e a ocasião para a tomada de decisão. Ela nos convida a irmos, dentro de nós mesmos, ao lugar em que Deus nos espera, para nos acolher e envolver em Seu abraço amoroso e pleno de paz. E é só nesse abraço amoroso e nessa paz que podemos experimentar a alegria perfeita e sentir o coração bater em total sintonia com "toda a vida que Deus criou em Seu Amor".


*NOTA: O poema Invictus, na tradução de André C. S. Masini ficou assim:

Do fundo desta noite que persiste
A me envolver em breu - eterno e espesso,
A qualquer deus - se algum acaso existe,
Por mi'alma insubjugável agradeço.

Nas garras do destino e seus estragos,
Sob os golpes que o acaso atira e acerta,
Nunca me lamentei - e ainda trago
Minha cabeça - embora em sangue - ereta.

Além deste oceano de lamúria,
Somente o Horror das trevas se divisa;
Porém o tempo, a consumir-se em fúria,
Não me amedronta, nem me martiriza.

Por ser estreita a senda - eu não declino,
Nem por pesada a mão que o mundo espalma;
Eu sou dono e senhor de meu destino;
Eu sou o comandante de minha alma.

sábado, 22 de setembro de 2012

Ver em todos e em cada um o nosso salvador


LIÇÃO 266

Meu Ser sagrado vive em ti, Filho de Deus.

1. Pai, Tu me deste todos os Teus Filhos para serem meus salvadores, meus conselheiros visíveis; os portadores da Tua Voz santa para mim. Tu estás refletido neles e, neles, Cristo olha para mim desde o meu Ser. Que Teu Filho não se esqueça de Teu Nome santo. Que Teu Filho não se esqueça de sua Fonte santa. Que Teu Filho não se esqueça de que o Nome dele é o Teu.

2. Neste dia entramos no Paraíso, invocando o Nome de Deus e nosso próprio nome, reconhecendo nosso Ser em cada um de nós; unidos no Amor santo de Deus. Quantos salvadores Deus nos deu! Como podemos perde o caminho para Ele, quando Ele enche o mundo com aqueles que O indicam e nos dá a visão para olhar para eles?

*

COMENTÁRIO:

Vou repetir, como não poderia deixar de fazê-lo, neste sábado, dia 22 de setembro, com algumas poucas e muito pequenas alterações e acréscimos ou subtrações, o comentário feito para esta mesma lição nos dois últimos anos. 

Digo que não posso deixar de fazê-lo em função também do comentário feito à lição de ontem, no qual me vali do texto para salientar que não há nada no mundo, por mais real que nos pareça, que não passe de ilusão. Assim, na verdade, para nos curarmos e para, por extensão, curar o mundo é preciso que aprendamos a curar apenas e tão-somente nossa percepção equivocada, corrigindo-a com a ajuda do Espírito Santo. É isto que o Curso nos oferece nesta segunda parte do livro de exercícios. Então, aí vai:

Não há nada a temer [Lição 48]. Nestes tempos aparentemente conturbados que vivemos, em que todos - ou a maioria deles - os veículos de comunicação escolheram nos contar quase que apenas aquelas notícias que confirmam a ideia de - e reforçam a crença na - separação, e nos aconselham a ter medo até do vizinho ao lado, precisamos recorrer com frequência a esta lição. Ela figura, em meu modo de ver, entre as mais importantes do Curso, no que diz respeito à meta da primeira parte do livro de exercícios: o desaprender daquilo que o mundo nos ensina.

Há uma espécie de sintonia - e não poderia ser diferente - entre a ideia da lição 48 e esta que praticamos hoje. Pois, se prestamos atenção, perceberemos que, de fato, não há razão alguma para se temer nenhuma das pessoas que aparentemente povoam este nosso mundo. A ideia de hoje nos ensina a olhar para todos e para cada um e ver neles o nosso salvador. Todos têm a função de nossos "conselheiros visíveis". Seja qual for a forma com que se apresentem. Seja qual for a mensagem que nos tragam.

Se olharmos bem para cada uma das pessoas que se apresenta em nossa vida, seremos capazes de identificar nela o Filho de Deus, a menos que estejamos nos sentindo separados d'Ele, o que significa que não estamos experimentando o Ser em nós mesmos, que estamos apenas distraídos de nós mesmos.

E, mais uma vez, não há como não lembrar e deixar de voltar às falas do jagunço Riobaldo, do livro Grande Sertão: Veredas. Ouçam o que ele diz a certa altura:

"Pensar mal é fácil, porque esta vida é embrejada. A gente vive, eu acho, é mesmo para se desiludir e desmisturar. A senvergonhice reina, tão leve e leve pertencidamente, que por primeiro não se crê no sincero sem maldade."

Não é mesmo o caso de se buscar praticar com mais afinco?

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Os três passos: reconhecer, acolher e agradecer


LIÇÃO 265

A bondade da criação é tudo o que vejo.

1. Certamente eu compreendo mal o mundo, porque depositei meus pecados sobre ele e os vi olhando de volta para mim. Quão ameaçadores pareciam! E como me enganei ao pensar que aquilo que eu temia estivesse no mundo e não apenas em minha mente. Hoje vejo o mundo na bondade celestial com a qual a criação resplandece. Não há nenhum medo nele. Que nenhuma manifestação de meus pecados esconda a luz do Céu, que brilha sobre o mundo. O que se reflete aí está na Mente de Deus. As imagens que vejo refletem meus pensamentos. No entanto, minha mente está em unidade com A de Deus. E, por isso, posso perceber a bondade da criação.

2. Em paz, quero olhar para o mundo que só reflete Teus Pensamentos e também os meus. Que eu me lembre de que eles são os mesmos e verei a bondade da criação.

*

COMENTÁRIO:

Vamos aproveitar a ideia para as práticas desta sexta-feira, dia 21 de setembro, para reprisar o comentário que recomendava, no ano passado, o trabalho com os três passos necessários para a mudança da percepção. Os três passos de que tenho falado pessoalmente às pessoas que frequentam os grupos de estudos de UCEM. E, mais uma vez, então, quais são estes passos e a que se referem?

Bem, eles se referem a nossa forma de experimentar o mundo e tudo o que o mundo aparentemente nos oferece. A ideia é aprender que não há nada fora de nós mesmos. Nem mesmo o mundo. É por isso que os passos, assim como os exercícios diários, servem para reequilibrar nossa percepção do mundo e do que há nele, dando-nos a correta dimensão de tudo o que vemos.

Voltem, por favor, ao texto que inicia o comentário da lição de ontem. Nele podemos perceber claramente de que forma precisamos nos posicionar em relação ao mundo. E a tudo o que aparentemente há nele. Isto é, nada do que vemos é real, a não ser como forma de manifestação daquilo que trazemos dentro de nós mesmos. Tudo é parte de uma grande ilusão que começamos a criar a partir do momento em que passamos a acreditar na ideia de separação, isto é, à crença na possibilidade de que algum de nós ou alguma coisa verdadeira possa estar separada de Deus ou de nós mesmos.

Assim, vamos aos três passos. O primeiro, ao olharmos para qualquer pessoa, coisa ou situação que se apresente a nossa experiência, é reconhecer que a pessoa, coisa ou situação se apresentou porque nós mesmos as solicitamos. Reforçando: nada se apresenta à experiência de nenhuma pessoa sem que ela tenha pedido.

O segundo passo, que decorre do primeiro, é acolher, aceitar, aquilo que se apresenta. Isto é, reconhecendo que solicitamos a presença daquilo que se apresentou, tudo o que é preciso fazer é acolher, aceitar. A pessoa, coisa ou situação.

E, por fim, o terceiro passo, o que nos dá a possibilidade de "escolher outra vez", é agradecer por aquilo que se apresentou. Aliás, como eu já disse outras vezes, de acordo com o ensinamento do UCEM e com o ensinamento de vários mestres ao longo do tempo, é preciso que sejamos capazes de agradecer por tudo o que nos acontece o tempo todo. 

Cientes destes passos, prestando atenção a tudo o que vemos, tocamos ou percebemos a partir dos sentidos, vamos ser capazes de, como a ideia de hoje nos pede para praticar, ver a bondade da criação em tudo. E, repetindo o que eu já disse antes, o mundo que veremos, então, será apenas o reflexo dos pensamentos que temos na unidade com Deus e refletirá tão-somente os Pensamentos d'Ele, que são os mesmos que os nossos.

Às práticas?


quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Abrir mão de todas as ilusões que o ego oferece


LIÇÃO 264

O Amor de Deus me envolve.

1. Pai, Tu estás na minha frente e atrás de mim, ao meu lado, no lugar em que me vejo e em todos os lugares aonde vou. Tu estás em todas as coisas que vejo, em todos os sons que ouço e em cada mão que busca alcançar a minha. O tempo desaparece em Ti e o espaço se torna uma crença sem sentido. Pois o que envolve Teu Filho e o conserva em segurança é o Próprio Amor. Não existe nenhuma Fonte a não ser esta e não existe nada que não compartilhe a santidade dela; nada que fique fora do alcance de Tua criação única ou sem o Amor que contém todas as coisas em si mesmo. Pai, Teu Filho é igual a Ti mesmo. Hoje, vimos a Ti em Teu Próprio Nome para ficar em paz no Teu Amor eterno.

2. Meus irmãos, juntem-se a mim hoje. Esta é a prece da salvação. Não temos de nos unir naquilo que salvará o mundo junto conosco?

*

COMENTÁRIO:

"Qualquer coisa que acredites ser boa, valiosa e pela qual valha a pena lutar neste mundo pode te ferir, e o fará. Não porque tenha o poder de ferir, mas apenas porque negaste que ela é só uma ilusão e a tornaste real. E ela é real para ti. Ela não é [mais só um] nada. E, por meio da realidade percebida nela, entra todo o mundo de ilusões doentias. Toda a crença no pecado, no poder do ataque, em ferimento e dano, em sacrifício e morte, vem a ti. Pois ninguém pode tornar uma ilusão real e, ao mesmo tempo, escapar das outras. Pois quem pode escolher manter aquelas que prefere e encontrar a segurança que só a verdade pode oferecer? Quem pode acreditar que as ilusões são todas iguais e, ao mesmo tempo, afirmar que uma delas é melhor?" [T.26.VI.1:1-9]

Foi a partir do texto acima que começamos as práticas com a ideia que o Curso oferece para esta mesma lição no ano passado. A ideia que vamos praticar, neste ano, nesta quinta-feira, dia 20 de setembro, cujas práticas se deram em uma quarta-feira, 21, em setembro de 2011. 

Como eu disse, então, se acreditarmos na ideia que praticamos, isto é, se acreditamos que o que nos envolve é o Amor de Deus, podemos, com certeza, abrir mão de todas as ilusões que o sistema de pensamento do ego, o falso eu, nos oferece, como alternativas à alegria infinita que Deus quer para nós.

Tudo no mundo da ilusão é equivalente a nada no mundo real. Então, só precisamos abandonar toda e qualquer crença que nos diga que há alguma coisa que queiramos neste mundo para alcançarmos a paz e a alegria, que são nossa herança natural como filhos de Deus. E é por isso que a ideia para as práticas de hoje pode trazer luz a nossas vidas, ajudando-nos a fazer novas escolhas. 

A partir das práticas de hoje, como eu disse também no ano passado, já não vamos mais poder acreditar que alguma coisa diferente da alegria e da paz perfeitas possa se apresentar a nós. Pois a lição de hoje nos oferece a certeza de que é só o Amor de Deus nos envolve. E, se vemos e vivemos algo diferente da paz e da alegria completas, só pode ser porque ainda estamos nos recusando a reconhecer a Vontade de Deus como sendo a nossa própria e mesma vontade.

Às práticas?

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

"E daí?"


LIÇÃO 263

Minha visão sagrada vê todas as coisas como puras.

1. Pai, Tua Mente criou tudo o que existe, Teu Espírito penetrou em tudo, Teu Amor deu vida a tudo. E eu olharia para aquilo que Tu criaste como se ele pudesse se tornar pecaminoso? Eu não quero perceber tais imagens sombrias e ameaçadoras. Dificilmente o sonho de um louco serve para ser minha escolha, em lugar de toda a beleza com a qual Tu abençoaste a criação; toda sua pureza, sua alegria e sua morada eterna em Ti.

2. E, enquanto ainda permanecemos do lado de fora do portão do Céu, olhemos para tudo o que vemos pela visão sagrada e com os olhos de Cristo. Que todas as manifestações pareçam puras para nós, para podermos ir além delas na inocência e caminhar juntos na direção da casa de nosso Pai como irmãos e como os Filhos santos de Deus.

*

COMENTÁRIO:

Não vou mudar praticamente nada do comentário - nem o título que dei a ele - feito nos dois últimos anos para as práticas da ideia que o Curso nos oferece na lição desta quarta-feira, dia 19 de setembro. Ainda acredito que é importante fazermos mais uma vez as perguntas que sugeri então. Por isso aí vai de novo:

Vocês alguma vez já pararam para pensar que, na ilusão da forma e dos sentidos, na percepção, "... estamos nos movendo [permanente e constantemente] sem sentir"? Que "além da rotação diária da Terra e de sua revolução anual em torno do Sol, somos passageiros do Sistema Solar, que gira numa órbita não-especificada pela Via-Láctea, a qual, de seu lado, avança não se sabe para onde universo afora" [conforme Lawrence E. Joseph]?

Rivaldo, meu amigo, meu irmão internético, diria: E daí?

Daí, eu diria, como já disse aqui antes, continuamos a dar demasiada importância a nossos dramas pessoais, aparentemente "particulares", distraindo-nos, a maior parte do tempo, de nós mesmos e daquilo que é verdadeiramente essencial a nossas vidas. Melhor dizendo, distraindo-nos da vida em si mesma. Inconscientes. Em um transe hipnótico sob a influência das ilusões do ego, avançamos "não se sabe para onde universo afora".

Vivemos, pois, em geral, olhando para o mundo, e para as coisas do mundo, como se precisássemos "ganhar todo o mundo", mesmo à custa de perder a alma. "O Espírito Santo te ensina que não podes perder a tua alma e que não há ganho no mundo, pois em si mesmo não há nada que seja proveitoso no mundo" [T-12.VI.1:2].

Para o ensinamento do Curso que buscamos aprender, a única coisa de valor que existe no mundo são aquelas partes que olhamos com amor. É isto que as práticas da ideia da lição de hoje nos convida a fazer. Olhar para o mundo e para tudo o que aparentemente existe nele com amor. Só isto pode dar ao mundo o valor "e a realidade que ele alguma vez terá". Pois o valor do mundo não está no mundo em si mesmo, mas nosso valor está em nós mesmos. E, como "a valorização do ser vem da extensão do ser, ... a percepção do valor do ser [também] vem da extensão dos pensamentos amorosos para aquilo que está fora" [T-12.VI.3:5].

Por isso, é importante, na busca do auto-conhecimento, aprender a "olhar para dentro", pois o que fazemos aqui é "empreender uma jornada", uma vez que não estamos em casa neste mundo. E nossa jornada tem por fim buscar nosso lar, "reconhecendo ou não onde ele está". Se acreditarmos que ele está fora de nós, a busca será inútil pois buscaremos aonde ele não está. E esqueceremos de "olhar para dentro", pois não acreditamos que lá é nosso lar.

O Curso diz, porém: "Não podes ver o invisível. Entretanto, se vires os seus efeitos, saberás que ele tem de estar aí. Percebendo o que ele faz, reconheces sua realidade. E por aquilo que ele faz, aprendes o que ele é" [T-12.VII.2:2-5].

Assim, a partir das práticas podemos até re-criar em nós a consciência de que a verdade acerca de nós pode ser que, diferentemente, das perguntas iniciais deste comentário, a Via-Láctea de nossa consciência, em nossa jornada [no universo interior], avance na direção de nós mesmos, com todos os passageiros do Sistema Solar girando em uma órbita não-especificada, enquanto nos movemos e fazemos a Terra girar em sua rotação diária e em sua revolução anual em torno do Sol.

Ou podemos escolher também continuar acreditando que existe alguma coisa fora de nós mesmos.

E daí?