quinta-feira, 27 de julho de 2017

A vida, tal qual cada um de nós, só quer ser o que é


LIÇÃO 208

Eu não sou um corpo. Sou livre.
Pois ainda sou como Deus me criou.

1. (188) A paz de Deus brilha em mim agora.

Vou me aquietar e deixar que a terra se aquiete comigo. E, neste silêncio, encontraremos a paz de Deus. Ela está dentro do meu coração, que dá testemunho do Próprio Deus.

Eu não sou um corpo. Sou livre.
Pois ainda sou como Deus me criou.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 208

Como eu já disse alguma vezes antes, a ideia que vamos praticar hoje pode nos ajudar a aprender a salvação, a vivê-la e a estendê-la ao mundo, livrando-nos de todos os equívocos e permitindo que a luz de Deus brilhe sobre cada um e sobre todos nós. Aliás, isto é o que cada uma das ideias que praticamos nesta revisão pode fazer, se aprendida, aceita e aplicada com disciplina e determinação, conforme o Curso nos diz.

Para aproveitar uma vez mais, quer dizer re-reaproveitar, o comentário feito a esta lição anteriormente gostaria de convidá-los a pensarem de novo na seguinte frase: 

"A vida é muito simples." 

O que isto lhes diz, se lhes diz alguma coisa? Parece-lhes verdadeira tal afirmação? Parece-se de algum modo com a experiência de vida que vivem? Ou é exatamente o contrário? 

"A vida é muito simples."

Parece-lhes muito ingênuo dizer isto? Muito pretensioso, arrogante?
  
Na verdade, a partir do que sabemos de tudo o que recebemos como legado de inúmeros mestres, a vida é, de fato, muito simples. Nós é que a complicamos. É o que dizem todos, ou quase todos, os que viveram sua vida de maneira simples. Ou os que a vivem ainda hoje de forma simples, com simplicidade. A questão é que, de modo diferente daquele que ensinam os mestres, cada um de nós complica a vida a sua própria maneira. 

Fazendo dela um bicho-de-sete-cabeças, damos à vida uma complexidade que ela absolutamente não tem, se prestarmos atenção verdadeira a suas manifestações e desdobramentos.

Aqui, vou fazer uma interrupção neste comentário para acrescentar um tipo de historinha que está no livro de Rosana Kazakevic a respeito de sua experiência no Caminho de Santiago, que leio no momento. O livro se chama "Uma viagem por dentro e por fora", para quem se interessar.

Diz ela que a certa altura retomou uma conversa que tivera com Deus antes e Ele lhe perguntou se ela queria de fato a companhia d'Ele, ao que ela respondeu que sim.

Na continuação da conversa ela disse a Deus que gostava de fazer planos e Ele disse que sabia e que ela já tinha estragado muitos planos d'Ele.

Ela, é claro, quis saber que planos e de que forma ela os tinha estragado. 

E Ele respondeu que foram muitos. Ela tinha estragado todos os planos d'Ele em que não seguia sua/dela voz interior [a d'Ele também, é óbvio], fazendo tudo o que os outros queriam. Disse Deus a ela que eram uma escolha dela e que ela reclamava dos resultados. Chorava e piorava. Aí, Ele teve de deixá-la por conta até que ela visse que suas, dela, escolhas não eram boas. Finalmente, ela viu. E Ele completou dizendo que os resultados não são atribuição d'Ele, eles vêm com as escolhas do caminho que ela fez.

E, continuando com o comentário: 

É por isso que vida, tal qual cada um de nós, só quer ser o que é, cumprir seu papel, e é isso o que ela faz, diferentemente da maioria de nós, que se sente paralisada à menção apenas de que é preciso antes de tudo ser, ou de agir no mundo a partir do que se é. Afinal, alguém sabe dizer o que somos? Na verdade, como o Curso ensina, só encontraremos a alegria e a paz perfeitas e completas, a vontade de Deus para todos e cada um de nós, quando aprendermos a ser o que somos. Isto é, quando nos decidirmos a viver a partir daquilo que somos, quando dermos espaço e atenção à nossa própria voz interior, que é a voz do divino em nós. 

A vida sempre cumpre seu papel independentemente daquelas dificuldades que atribuímos a seu desdobrar-se. Não há dificuldades para ela. Todos os seus caminhos são planos e retos. Não há curvas, nem desvios. A vida, apesar de qualquer coisa que pensemos dela, segue sempre em frente. Nada a detém. Tudo e todos fazem parte do que ela é. Da mesma forma que tudo e todos são partes do que somos, na verdade.

Entretanto, naquilo que nos diz respeito, as coisas são diferentes. Muitas vezes, por medo de manifestar o que somos, ou por medo de ser aquilo que acreditamos ser no mais íntimo de nós mesmos, nós nos negamos o direito de ser e, por consequência, negamos a vida que vibra em nós e que quer se manifestar. Quer ser apenas a manifestação da alegria, que é a verdadeira característica daquilo que somos.

Negando a vida a nós mesmos, passamos a cultivar, ao mesmo tempo, um medo e um desejo mórbidos de morte em qualquer das formas que acreditamos que ela se apresente. Matamo-nos uns aos outros e a nós mesmos das mais variadas maneiras.

Em nome do orgulho, como eu já disse também em anos passados, deixamos de estender a mão a quem precisa receber algum conforto de nós. Em nome do medo, deixamos de nos mostrar, defendendo-nos constante e continuamente daquilo a que chamamos de ataques, mas que não passam de pedidos de ajuda. 

Como o Curso ensina qualquer ataque é um pedido de ajuda, um pedido de atenção e de amor, que nos pede para mudarmos a forma de ver o mundo. Pede que mudemos nossa maneira de criar e de construir o mundo, nosso modo de nos relacionarmos com o mundo para que ele possa experimentar a paz e a luz de Deus.

Vamos pensar nisso durante as práticas de hoje?

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